Na esteira das discussões que ocorreram no início deste mês na COP26 em Glasgow, na Escócia, o agronegócio avalia soluções para que o Brasil consiga ser protagonista na redução de emissões de gases do efeito estufa com a promoção de mais sustentabilidade no setor. O assunto foi tema de seminário da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
A avaliação é de que o país tem conhecimento suficiente para cumprir os compromissos assumidos em Glasgow, como a proposta brasileira de reduzir em 50% suas emissões até 2030 e o Acordo do Metano, em que diversas nações, incluindo o Brasil, comprometem-se a diminuir em 30% a liberação do gás na atmosfera.
No entanto, especialistas cobram ambição e mais rigor do país no cumprimento das metas. “O Brasil recuperou parte de sua importância na COP, mas, logo na sequência, vieram os números de desmatamento na Amazônia. Fazendo as contas, nós vemos que ela não fecha. Ou resolve isso ou não temos condição de assumir compromissos”, diz Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa.
Sob o mesmo argumento, Rachel Biderman, cofacilitadora da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, reforça que a emergência climática deixou de ser assunto apenas de ambientalistas e está entre os tomadores de decisões, o que torna o tema ainda mais necessário para o agro.
“Precisamos colocar o pé no acelerador. As técnicas já existem e esperamos agora soluções para que elas possam ser financiadas”, afirma ela, citando a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). “Agora, precisamos de financiamentos climáticos, com filtro para projetos de baixo carbono, e que os investidores coloquem regras que os produtores possam acompanhar”.
Ricardo Eyer Harris, do Banco Central, usou como exemplo a implementação do Bureau verde do crédito rural, que cruzará informações ambientais dos agricultores para que bancos avaliem os financiamentos. A expectativa do BC é de que a plataforma esteja em pleno funcionamento no Plano Safra 2022/23.