Após 10 anos de atividades, o projeto “Corredores da Mata Atlântica” comemora a formação de 700 hectares de um grande corredor florestal que une as duas principais Unidades de Conservação do bioma no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de SP), a Estação Ecológica Mico Leão Preto (ESEC-MLP) e o Parque Estadual do Morro do Diabo (PEMD).
Esta é a primeira fase do projeto iniciado em 2002 pelo IPÊ-Instituto de Pesquisas Ecológicas, com coordenação do pesquisador Dr. Laury Cullen Jr.. O objetivo do trabalho é conservar a biodiversidade da Mata Atlântica por meio da restauração florestal em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal (RL) de propriedades rurais.
Com o projeto, pretende-se reconstruir a paisagem de uma região bastante conhecida pela disputa por posse de terras e pela degradação de sua área verde, hoje resumida em “manchas de floresta”, que abrigam espécies ameaçadas como o mico-leão preto, a onça pintada, a jaguatirica, entre outras.
“Um dos problemas para a sobrevivência dessas espécies é justamente a perda de hábitat e o corredor é uma das formas de suprir essa necessidade de deslocamento entre as UCs, tanto para alimentação, como para reprodução dos animais”, explica Laury Cullen Jr.
Ao todo, 1,4 milhões de árvores foram plantadas para reconectar a porção sul do PEMD (37 mil hectares) com um dos quatro fragmentos da ESEC-MLP (que tem o total de 7 mil hectares). Os últimos 93 hectares foram plantados em dezembro de 2011 e agora seguem monitorados pelo IPÊ até estabelecerem-se como floresta. O corredor passa por dentro da Fazenda Rosanela localizada entre as duas Unidades de Conservação. A área plantada fazia parte de um passivo ambiental da propriedade, de acordo com o código florestal vigente.
Para escolher as áreas estratégicas para plantio, o IPÊ segue o seu “Mapa dos Sonhos”, um estudo elaborado por seus pesquisadores para identificar as áreas prioritárias para a restauração florestal, significativas para a biodiversidade e que, por isso, precisam ser reconectadas. O próximo desafio agora é fazer um novo corredor, na porção norte do PEMD, plantando 5 mil hectares de floresta, em APPs e RLs de 11 grandes propriedades.
“Precisamos do apoio dos proprietários dessas terras para isso acontecer. O benefício é para todos os envolvidos já que os grandes produtores adequam a sua área de acordo com a lei, o que traz vantagens principalmente econômicas a eles; comunidades locais ganham vendendo as mudas de seus viveiros e a floresta se restabelece junto com todos os serviços ambientais que todos os seres humanos necessitam”, completa Cullen.
O plantio do corredor foi realizado com apoio de editais da Petrobras e BNDES, bem como com as parcerias internacionais e de empresas nacionais como Natura, CESP, Duke Energy, ao longo de uma década de trabalho. Além da restauração, o projeto possui um trabalho de envolvimento comunitário, com capacitação de médios e pequenos proprietários em agroecologia, educação ambiental, e desenvolvimento de viveiros comunitários, muitos deles fornecedores de mudas para os plantios.