Agricultores argentinos estocaram o dobro de soja na comparação com o ano passado, desafiando um governo desesperado para aumentar as receitas com impostos de exportação necessárias para financiar um aumento de gastos estatais antes da eleição presidencial de outubro.
Produtores disseram que o aumento nas reservas de soja, para 7,4 milhões de toneladas, ante 3,4 milhões, decorre de uma safra 12 por cento maior. Com uma nova colheita recorde projetada para os próximos meses, os fazendeiros estão segurando os grãos como uma proteção contra a alta inflação e uma baixa nos preços da oleaginosa no mercado internacional.
Impossibilitado de captar recursos no mercado global de títulos depois de um calote no ano passado, o governo está pressionando os produtores de soja a vender, para que possa ser coletado o imposto de 35 por cento incidente sobre as exportações do grão.
“O governo está criando regras para pressionar os produtores a vender mais rápido. Mas considerando as incertezas que eles enfrentam, não irão acelerar as vendas”, disse Ernesto Ambrosetti, economista chefe da Sociedade Rural Argentina (SRA), que representa grandes produtores.
Com base em estimativas da SRA e de bolsas argentinas, o volume de 7,4 milhões de toneladas de soja mantido em estoque no fim do mês passado representava cerca de 14 por cento dos 52 milhões de toneladas colhidas na temporada 2013/14.
No mesmo momento do ano passado, o estoque chegava a 3,4 milhões de toneladas, ou 7,1 por cento de uma safra de 48 milhões.
O Ministério da Agricultura da Argentina não quis comentar as reclamações dos produtores.
Com os preços da soja em 354 dólares por tonelada, ante 527 dólares um ano atrás, os produtores também estocam para aguardar melhores oportunidades de negócio.
A soja pode ser guardada por até três anos nos silos bolsa tão utilizados na Argentina atualmente.
As bolsas plásticas de até 75 metros de comprimentos podem armazenar 250 toneladas de soja cada uma. Cerca de 300 mil são vendidas por ano no país.