O excesso de chuva em algumas regiões de Mato Grosso do Sul já está causando preocupação entre os produtores de milho safrinha. Dados da estação agrometeorológica da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, apontam que choveu na região, que é um dos principais polos agrícolas do estado, 321 milímetros somente em março, mais que o dobro da média histórica, que é de 142 milímetros.
Na lavoura do produtor rural Gilberto Gonçalves Garcia, que plantou 145 hectares, em Dourados, o grande volume de chuvas fez com que a terra ficasse encharcada, o que afetou o desenvolvimento das plantas. Para tentar minimizar o problema o agricultor chegou a abrir valetas para escoar a água, mesmo assim, ele projeta que a quebra de safra chegue a pelo menos 20% em relação a previsão inicial de colheita.
“O milho é uma planta que precisa que a água atinja uma profundidade maior no solo. Se ela fica empossada, as raízes não conseguem absorver essa água e os nutrientes do solo, o que faz com que as folhas fiquem amareladas e ocorra perda de produção”, comenta o produtor.
Na lavoura do agricultor Virgílio Mettifogo o prejuízo estimado com a grande quantidade de chuvas é ainda maior. “Eu calculo que o meu milho mais novo, que corresponde a 30% da área cultivada, já tenha sofrido uma perda de aproximadamente 40%, ou até mais. Temos que torcer agora é para fazer sol, se não a situação pode ficar ainda mais crítica”, avalia.
E segundo o agrometeorologista da Embrapa Agropecuária Oeste, Cláudio Lazzarotto, a previsão para os próximos meses é de mais chuva nesta região de Mato Grosso do Sul. “Deveremos ter cerca de 100 milímetros de chuva em maio, e entre 50 e 60 milímetros em junho e julho, o que nos permite dizer que teremos um inverno chuvoso. Não com chuvas exageradas, mas com muita precipitação e uma condição de umidade elevada, muito diferente do registrado nos últimos anos”, concluiu.
De acordo com o sétimo levantamento da safra 2012/2013 de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os produtores rurais de Mato Grosso do Sul plantaram 1,326 milhão de hectares com milho safrinha, um aumento de 10,6% frente ao ciclo passado, quando foram cultivados 1,199 milhão de hectares.