O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Carlos Fávaro, afirmou que a demora do governo na definição dos mecanismos de sustentação dos preços do milho preocupa os agricultores, “que estão comercializando o cereal abaixo do custo de produção”. Na opinião do dirigente, a sinalização do governo com o apoio ao escoamento da produção, seja por meio de leilões de prêmio para equalização de preços ao produtor (Pepro) ou de subvenção ao frete (PEP), aliviaria a pressão que a entrada da safra recorde no mercado exerce sobre os preços do milho.
Fávaro lembra que a portaria do Ministério da Agricultura com a proposta de apoio à comercialização do milho foi encaminhada à área econômica do governo, que até agora não apreciou a medida. Ele argumenta que os leilões de opções de venda de 2 milhões de toneladas de milho que estão sendo realizados pelo governo não são suficientes para dar sustentação aos preços e serão importantes apenas para repor os baixos estoques oficiais.
Na avaliação do presidente da Aprosoja/MT, o governo não tem como aumentar o volume de compra de milho por meio dos leilões de opções, porque falta espaço para armazenagem em Mato Grosso. Por isso, diz ele, é importante que o governo defina os leilões de apoio ao escoamento da produção, pois se os preços mantiveram a trajetória de queda nos próximos meses a tendência será de retração nas vendas, o que resultará na estocagem de milho a céu aberto, pois Mato Grosso consome apenas 2 milhões de toneladas das 17 milhões de toneladas esperadas para esta safra.
Pelos cálculos da Aprosoja, os custos de produção do milho estão entre R$ 12 a R$ 13 por saca de 60 quilos, podendo atingir valores maiores no caso dos produtores que investem em tecnologia. Os preços praticados no mercado de Mato Grosso estão na faixa de R$ 11/saca na região do Médio Norte. Fávaro afirma que os preços só não recuaram mais por causa da alta do dólar, pois a melhora na paridade em relação à cotação do cereal na exportação dá sustentação ao mercado interno.
Ele disse que até agora os produtores de Mato Grosso colheram 5% da área cultivada e prevê que a pressão baixista deve aumentar nas próximas semanas, na medida em que avance a colheita. Fávaro cobra o apoio do governo, argumentando que os prêmios são necessários em Mato Grosso para compensar a logística precária, “decorrente da falta de investimentos em infraestrutura por parte governo”.