O custo de frete rodoviário de soja pode encarecer em mais de 50 por cento nos dois principais Estados produtores, Mato Grosso e Paraná, durante o pico de safra 2012/13, em fevereiro e março, avalia a Esalq-Log, braço de pesquisa em logística do agronegócio da Universidade de São Paulo.
Em outras regiões produtoras, os preços deverão subir entre 20 e 40 por cento, calcula a entidade.
“É muito em função do volume que vai ser colhido e também por ser a primeira safra em que, desde o início, a lei dos motoristas de caminhão vai estar efetiva”, afirma Natália Trombeta, pesquisadora da Esalq-Log.
O Brasil deverá colher uma safra recorde acima de 80 milhões de toneladas de soja. Além disso, a lei federal 12.619, que entrou em vigor na metade do ano passado, proíbe os motoristas de caminhões de dirigir por um período superior a quatro horas sem um descanso mínimo de 30 minutos, além de impor jornada de oito horas diárias, com repouso de 11 horas a cada dia, com o veículo estacionado.
Caminhoneiros brasileiros tradicionalmente dirigiam por períodos superiores a essas oito horas. Empresas do setor de transporte e de commodities afirmam que, com a lei, são necessários mais motoristas para realizar os mesmos trechos e que há muitos caminhões parados.
No fim do ano passado, a Abiove (associação das indústrias de soja) avaliou que há escassez de 50 mil motoristas no país e previu um “caos logístico” no pico do escoamento da produção em 2013.
“A tendência é que não haja caminhões e vagões suficientes para escoar num nível necessário toda a produção que vai ser colhida nessas regiões. Isso deve pressionar o valor do frete”, confirmou a pesquisadora da Esalq-Log.
Especialistas dizem que uma mudança no calendário e no modelo de plantio da soja no Brasil nos últimos anos, com a ênfase às variedades precoces, concentrou ainda mais a colheita – e a demanda por frete – nos meses de fevereiro e março.
Outro fator que afeta o custo de transporte é a expectativa de que o país vai colher uma safra recorde de grãos, tornando-se o maior produtor mundial de soja, superando nesta temporada os Estados Unidos.
Custos crescentes – A consultoria Agroconsult calcula que o valor de frete tenha praticamente triplicado em uma década, com a demanda e a produção crescentes em um país com logística deficitária.
O custo médio do frete por tonelada de soja entre o sul de Mato Grosso e o porto de Santos –uma rota muito utilizada– era de 35 dólares na safra 2002/03, saltando para 91 dólares na temporada 2011/12, segundo a Agroconsult.
Nos anos mais recentes, o frete tem correspondido a algo entre 13 e 22 por cento do preço da soja.
Na última safra, mesmo com a elevada cotação da soja, o transporte custou 17 por cento do preço obtido por cada saca.