Nos dias 24 e 25 de Março de 2014 o Global Agribusiness Forum integrou produtores e consumidores, buscou meios de agregar valor à produção e aumentar a produtividade, e debateu como garantir o suprimento de alimentos para um mundo com demanda crescente. A cadeia de valor da agricultura e pecuária mundiais foi representada oficialmente através da presença dos mais de 1000 líderes e autoridades, e dos mais de 100 parceiros do GAF14, incluindo a iniciativa privada, governos, associações, entidades, universidades, ONGs e veículos de comunicação. O Global Agribusiness Forum foi patrocinado por grandes desenvolvedores do agronegócio: BNDES, Bradesco, Deag e FMC.
O planejamento da agricultura e pecuária do futuro passa obrigatoriamente pela ampliação dos volumes de alimentos produzidos atualmente. A demanda por alimentos deve crescer 70% até 2030, devido principalmente ao crescimento da população e da incorporação de 3 bilhões de pessoas à classe média. Todos os dias, 180 mil pessoas trocam a zona rural pelas cidades, e 200 mil bocas adicionais precisam ser alimentadas. Por esse motivo, a agricultura e o agronegócio precisam estar preparados e organizados para atender o grande crescimento previsto da demanda, em quantidade e qualidade. Deve-se estimular o desenvolvimento de novas tecnologias, e o aproveitamento das já existentes para se produzir mais, com menor uso de recursos. Além disso, a agricultura e o agronegócio devem estar cada vez mais preparados para lidar com questões relacionadas a segurança alimentar, identificação, rastreabilidade, e sustentabilidade social e ambiental.
Um dos mais complexos obstáculos a serem vencidos estão nas barreiras ao livre comércio entre países, necessários para assegurar o abastecimento de produtos agrícolas de qualidade no futuro e estimular o investimento no setor agropecuário. O diretor geral da OMC – Organização Mundial do Comércio, Embaixador Roberto Azevêdo, Keynote Speaker no GAF14, reconhece a importância do assunto, e continuará a manter em negociação multilateral questões pertinentes à Rodada de Doha que incluem subsídios agrícolas, tarifas sobre bens industriais, e barreiras ao comércio de serviços. Estes são pontos especialmente controversos para que se obtenha um consenso, pois vários dos tópicos estão entrelaçados com fatores políticos internos. Um eventual acordo entre os 159 países-membros da OMC poderá ser um estímulo para o crescimento do comércio internacional de produtos agropecuários em todo o mundo.
Bases para o crescimento
Planejar a agricultura e o agronegócio do futuro significa desenvolver um plano de negócios global, que permita preparar a atividade e saber em que condições estará dentro de 20 anos: quais mercados precisarão ser atendidos, com quais produtos, produzidos com qual grau de segurança. O uso racional e eficiente dos fatores de produção, preservando os recursos naturais disponíveis, garantindo padrões elevados de qualidade e rastreabilidade, serão elementos-chave para assegurar a sustentabilidade futura da atividade.
Fundamentais para esse sucesso são a segurança jurídica e institucional, a segurança regulatória para viabilizar investimentos em tecnologia e na capacidade de produção.
Agricultura e energia
Nas últimas três décadas, a agricultura energética se desenvolveu de forma acelerada, e complementar à agricultura alimentar.
Os biocombustíveis, a energia elétrica de biomassa e o biometano devem desempenhar papel de relevância crescente para atender o aumento de demanda de energia, contribuindo para mitigar os riscos do aquecimento global. Políticas públicas de longo prazo devem oferecer a segurança necessária para que sejam realizados investimentos para aumento da sua produção, que são de longa maturação, e reconhecer o valor das externalidades positivas dos combustíveis de biomassa.
Especialistas do GAF14 acreditam que a demanda por biocombustíveis produzidos de forma sustentável vai continuar em expansão em todo o mundo. No Brasil, o mercado de combustíveis do ciclo Otto cresce a uma taxa bem acima da expansão do PIB, o que deve estimular novos investimentos na produção, apesar do governo ainda não reconhecer o potencial do etanol em sua plenitude. Um avanço na conscientização sobre as vantagens de biocombustíveis ainda é necessário.
Conclusões
Os debates durante o GAF14 levaram a conclusões sobre quais diretrizes devem ser adotadas para a continuidade do desenvolvimento do setor como um todo, bem como para o cumprimento da função social de alimentar o mundo respeitando critérios de sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Um dos principais pontos é a necessidade de implementação de políticas que estimulem maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, que permitam contínuo aumento da produtividade agropecuária e agroindustrial, assim como maiores investimentos em infraestrutura de armazenagem, transportes, distribuição e embarque, que permitam a redução dos elevados níveis atuais de custos e perdas.