Apesar de bastante competitivas do ponto de vista econômico energético, as termelétricas a gás natural enfrentam dificuldades de participar dos leilões de energia devido à indisponibilidade do combustível. A fim de desatar esse nó, o governo já estuda uma nova sistemática que pode facilitar a habilitação desses projetos.
Segundo o José Carlos de Miranda, diretor de Estudos de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), está sendo estudada a criação de um leilão pela disputa de gás.
Nesta situação, o detentor do gás, por exemplo, uma Petrobras, apresentaria o montante do insumo disponível naquele momento. Por sua vez, os interessados em viabilizar seus projetos térmicos disputariam o direito de usar esse gás, para em seguida, já com o contrato de fornecimento garantido, concorrer em um leilão de geração de energia.
“Isso está muito embrionário, mas estamos estudando”, disse Miranda, após participar nesta sexta-feira (04/10) da Conferência Brazil Energy Frontiers, evento promovido pelo Instituto Acende Brasil, em São Paulo. “Hoje a Petrobras não consegue garantir oferta para 20 termelétricas. A disputa pelo gás antes seria algo semelhante ao que fizemos com a eólica, com a disputa pelo uso da transmissão”, completou.
De acordo com Miranda, essa ideia partiu dos próprios empreendedores, e da Associação dos Produtores Independentes de Energia (Apine).
Atualmente, a necessidade de cada usina térmica ter que apresentar um contrato de fornecimento de gás de 20 anos para se habilitar nos leilões tem impedido que a fonte participe dos certames. Essa nova sistemática é um dos caminhos estudados pelo governo para retomar o desenvolvimento desse tipo de geração de energia.
As térmicas a gás são mais baratas e mais limpas que as movidas a óleo ou carvão. Além disso, gozam de todas as vantagens desse tipo de geração, que contribui para segurança do sistema elétrico nacional.
Para o próximo leilão A-3, marcado para 18 de novembro, Miranda confirmou a participação de uma térmica a gás de 100MW de potência, da Petrobras. O projeto está previsto para ser instalado na boca do poço, no estado do Amazonas, próximo a interligação Tucuruí-Manaus.