Após 20 meses interditada devido à seca, a hidrovia Tietê-Paraná, uma das principais vias de exportação do país, será reaberta para navegação nesta quarta-feira (27/01), pela Marinha, graças às chuvas das últimas semanas.
A interdição, feita em maio de 2014 pelo órgão, causou prejuízos de ao menos R$ 1 bilhão às empresas de navegação e tirou o emprego de cerca de 1.600 pessoas, além de afetar o transporte entre os usuários desse tipo de via.
Mas o que era para ser motivo de comemoração entre as empresas de navegação ainda causa preocupação, pois não há garantias de que a hidrovia estará imune a um novo rebaixamento de água.
O problema é que a mesma água usada na navegação é demandada para a geração de energia. Nos últimos meses, a prioridade foi usar o recurso nas hidrelétricas, em detrimento da hidrovia.
“Enquanto não tivermos a real garantia de que o nível da água não será mais reduzido, não vamos nos sentir seguros para investir de novo”, diz Edson Palmesan, presidente do sindicato dos armadores do Estado de SP.
O transporte por hidrovia é uma das opções mais baratas para a logística: o custo costuma ser um quarto do valor do transporte rodoviário, para onde muitas empresas, sem a estrutura do modal ferroviário, tiveram que migrar.
O modal, que em 2013 transportou 6,2 milhões de toneladas em grãos (soja e milho, principalmente), celulose, madeira e cana, teve queda de 26,2% no volume transportado em 2014 e parou totalmente em 2015.
Segundo dados do setor, cerca de R$ 10 bilhões em produtos são transportados por ano pela hidrovia, que possui 2.400 km e atende SP, MG, MT, MS, PR e GO.
A suspensão da navegação foi tomada por causa do baixo calado (profundidade segura para a navegação) e do excesso de pedras no reservatório de Três Irmãos, entre o km 99,5 e a eclusa de Nova Avanhandava, no sentido SP.
No momento mais crítico, em 4 de fevereiro de 2015, o reservatório de Três Irmãos atingiu o nível de 318,85 m. Para a retomada da navegação, é preciso o nível mínimo de 325,40 m. Na última semana, ele chegou a 326,40 m.