Os produtores de biodiesel aumentaram a pressão sobre o governo para a retomada do percentual de mistura de 13% do biocombustível ao diesel fóssil. O teor foi reduzido para 10% temporariamente nos últimos dois leilões. A expectativa do setor é que o índice seja elevado já no próximo certame, que será realizado em agosto.
“Temos expectativa grande de que possa retomar o B13 no tempo adequado. O setor anseia muito”, afirmou Erasmo Carlos Battisttela, CEO da BSBios, que hoje, em cerimônia em Brasília, transmitiu oficialmente a presidência do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) ao ex-ministro da Agricultura Francisco Turra. Battisttela comandou a entidade por dez anos.
“Queremos muito manter a agenda do CNPE [Conselho Nacional de Política Energética] subindo para 14% e 15%”, emendou. “A Indonésia usa B30. Podemos usar mais do que já usamos no Brasil”. Battisttela defendeu a aprovação de um projeto de lei que institui o escalonamento da mistura até chegar a 20%.
Turra prometeu colocar o biodiesel brasileiro nas “vitrines internacionais com a marca da sustentabilidade”. Ele rebateu críticas sobre a qualidade do biodiesel, uma das reclamações das empresas e entidades que, por outro lado, pedem ao governo para não elevar a mistura.
A proposta de manutenção é encabeçada por fabricantes de veículos automotores movidos a diesel, usuários e transportadores. Nesta semana, o pedido para que a mistura permaneça em 10% foi apresentado pessoalmente ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O Conselho Nacional de Politica Energética (CNPE) deverá definir em breve as diretrizes para a mistura. A publicação do edital do próximo leilão está previsto para a segunda semana de julho.
“Precisamos continuar a entregar produto de alta qualidade, não abrimos mão desse compromisso da qualidade […] Temos inimigos poderosos, mas eles não ficarão sem resposta”, disse Turra. E completa que “o biodiesel é a verdadeira solução para transição energética de baixo carbono. Temos o melhor biodiesel do mundo”.
Na cerimônia, o ministro Bento Albuquerque afirmou hoje que o setor do biodiesel tem contribuído para garantir o abastecimento do país e reduzir as importações de combustíveis fósseis. Em seu discurso, ele não comentou o pedido de elevação da mistura.
“O setor do biodiesel tem dado contribuições importantes não só para o RenovaBio [Política Nacional de Biocombustíveis], mas para a sustentabilidade da matriz energética brasileira, a garantia de abastecimento e a redução de importação de combustível fóssil do ciclo diesel”, afirmou.
O ministro disse que a descarbonização da matriz energética passa pela “maior utilização de combustíveis renováveis”. Ele citou compromissos voluntários assumidos recentemente pelo Brasil na área de biocombustíveis e hidrogênio para acelerar o cumprimentos das metas do objetivo de desenvolvimento sustentável, das Nações Unidas. “O pacto tem o objetivo de reduzir o impacto de carbono na matriz energética em 10% até 2030, o que equivale a 620 de toneladas de carbono evitadas”, disse. Segundo ele, o pacto energético será cumprido “por meio das metas de descarbonização estabelecidas” pelo RenovaBio.
Bento Albuquerque ainda comentou o programa Combustível do Futuro e disse que vai criar as condições necessárias para a introdução do bioquerosene de aviação.