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Economia

Inflação vai ficar na meta, afirma Mantega

Após mercado prever IPCA superior a 6,5%, ministro negou ainda que governo estude mudança no cálculo.

Inflação vai ficar na meta, afirma Mantega

Apesar das estimativas de mercado apontarem para o estouro da meta da inflação deste ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve desacelerar em maio e junho e fechar dentro do limite de 6,5%. Para o ministro, a elevação da inflação já era prevista e classificou-a como “sazonal”. Ele negou que o governo esteja estudando a retirada do grupo de alimentos, uma das principais pressões inflacionárias no início deste ano, do cálculo do IPCA.

Na avaliação de Mantega, os produtos hortifrutigranjeiros e o etanol, por exemplo, deverão influenciar menos os preços nos próximos meses, ajudando na queda da inflação. Com o uso prolongado das termelétricas devido ao período de seca, a energia elétrica está mais cara neste ano e, conforme o ministro, será o grande vilão da inflação.

“No caso hoje de energia elétrica, temos um aumento um pouquinho maior por causa da questão das chuvas. Os aumentos estão sendo anunciados e já estão sendo praticados. Mas é assim. Todo ano tem algum vilão na história da inflação, mas o importante é que seja apenas um vilão e os outros preços possam flutuar, subirem e caírem ao longo do tempo, de acordo com a sazonalidade”, disse o ministro.

Tentando mostrar otimismo, Mantega explicou que a inflação em 12 meses pode, em alguns momentos, ultrapassar a meta de 6,5%, porém, a tendência seguinte é de diminuição. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulado em 12 meses até março é de 6,15%.

“Tenho certeza de que nós vamos terminar o ano dentro do limite de 6,5%. Não vamos ultrapassar o limite de 6,5%”, garantiu Mantega. “Vamos voltar a conversar daqui a um mês e meio, dois meses e vocês verão que nesse momento a inflação já estará num patamar mais baixo e é assim que acontece todo ano. No ano passado e no retrasado aconteceu a mesma coisa”, afirmou o ministro.

Mesmo com o fato de os alimentos estarem impactando mais fortemente a inflação, Mantega aproveitou para negar a informação, noticiada pelo jornal “O Globo”, de que o governo esteja estudando retirar esses produtos do cálculo do IPCA. “Não há nenhuma mudança nos critérios de avaliação da inflação. O governo não está estudando mudar os índices ou os critérios de avaliação da inflação. Não sei quem tirou essa ideia, mas ela não procede.”

O ministro lembrou que os Estados Unidos, por exemplo, não consideram no cálculo o comportamento dos preços dos alimentos e também dos combustíveis. “Nós não fazemos isso e continuaremos da mesma maneira, utilizando os mesmos critérios”, afirmou.

Além disso, Mantega descartou a possibilidade de elevar, nesse momento, o percentual de álcool na gasolina para reduzir a pressão dos preços dos combustíveis na inflação. “Sempre é possível, mas nesse momento não estamos cogitando”, afirmou.

Segundo o ministro, hoje a mistura é de 25% e, com a safra de cana-de-açúcar se iniciando neste momento, a oferta do combustível vai aumentar. “A entrada dessa safra vai reduzir o preço do etanol. Isso vai ajudar a baixar a inflação. Isso vai acontecer em maio e junho. Entre maio e junho nós teremos um menor preço de etanol e, portanto, um menor preço da gasolina”.

Mantega frisou ainda que os preços administrados têm uma dinâmica própria. “Eles sofrem alguns ajustes ao longo do ano. Cada preço tem sua regra específica”, ressaltou. O ministro participou ontem do lançamento do Programa Portal Único de Comércio Exterior.