O leilão de energia de reserva, realizado nesta sexta-feira (31/10), em São Paulo, se tornou um marco histórico para o setor elétrico brasileiro. Além de marcar a entrada da fonte solar fotovoltaica na matriz elétrica, foi um dos certames mais competitivos da história, com mais de cem lances e oito horas de duração. Foram contratadas 31 fazendas solares, que somam 1.048MW de capacidade instalada, o que significa injetar mais 889,6MW na rede a partir de outubro de 2017.
Na avaliação de Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o leilão foi muito bem sucedido, pois contratou energia limpa, renovável, com os menores preços do mundo para fonte. Além dos benefícios para a matriz elétrica e do pouco impacto ao meio ambiente, Tolmasquim garantiu que o preço de compra terá pouco impacto na tarifa do consumidor de energia elétrica.
“O leilão coloca o Brasil como uma das fronteiras da expansão da energia solar”, disse o executivo durante coletiva de imprensa. O resultado ficou das estimavas do mercado, que apontava que seriam leiloados entre 500MW e 1GW de energia solar.
Além da energia solar, o governo contratou energia de 31 parques eólicos, adicionando 769,1MW de capacidade para atender a demanda dos próximos anos. Os contratos têm duração de 20 anos de suprimento.
O deságio médio do leilão foi de 9,94%, o que representou uma economia de R$1,7 bilhão. O preço médio do leilão foi de 169,82/MWh.
Para fonte solar, o preço médio de venda chegou a R$215,12/MWh, o que representou um deságio médio de 17,89% em relação ao preço inicial de R$262,00/MWh. Para fonte solar, o preço médio de venda ficou em R$142,34/MWh, deságio de 1,15% em relação ao teto de R$144,00/Mwh. O início de suprimento dos contratos será em 1º de outubro de 2017, com prazo de duração de 20 anos.
Tolmasquim ainda garantiu que não haverá problemas com o sistema de transmissão para escoar a energia licitada nesta sexta-feira.
Estado campeão
Em atração de investimentos, o estado da Bahia se sagrou o grande campeão e receberá 773,1MW em novos projetos de geração, que demandarão R$3,4 bilhões em novos investimentos. Em segundo lugar ficou São Paulo, que receberá R$1,1 bilhão em novos investimentos, adicionando 270MW.
No total, o governo contratou 1.817MW de capacidade instalada, que vão demandar R$7,1 bilhões de novos investimentos. Os empreendimentos estão espalhados pelos estados do Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco, Piauí, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraíba e Ceará.
Em 2014, pela primeira vez, o Plano Decenal de Energia (PDE 2013) incluiu a energia solar na matriz energética brasileira. A previsão é de que a capacidade instalada saia de quase zero em 2013 para 3,5 GW em 2023.