Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Ferrovias

Leilões de ferrovias poderão ter parcerias entre Brasil e China

O objetivo é permitir que companhias chinesas, com capital, investimento e conhecimento tecnológico no setor, possam se juntar a empresas brasileiras, acostumadas a atuar em regime de concessão.

Leilões de ferrovias poderão ter parcerias entre Brasil e China

Os governos do Brasil e da China devem assinar um memorando de cooperação na área de ferrovias para auxiliar empresas de ambos os países a firmarem parcerias para disputar concessões no país. O objetivo é permitir que companhias chinesas, com capital, investimento e conhecimento tecnológico no setor, possam se juntar a empresas brasileiras, que estão acostumadas a atuar em regime de concessão.

O acordo deve ser assinado durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, na semana que vem. Ele estará em Fortaleza para participar da reunião do grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), entre os dias 15 e 16. Em seguida, Jinping terá encontro com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília.

A China Railway Construction Corporation (CRCC) deve procurar parceiras brasileiras para disputa da concessão do trecho entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO). Já a China Railway Engineering Corporation (Crec) tem interesse em atuar no projeto de uma ferrovia do Maranhão até o Peru. As duas companhias vão aproveitar a visita de Jinping para fortalecer os contatos com empresas brasileiras que podem ser sócias nesses empreendimentos.

Ao todo, a China tem mais de 100 mil km de ferrovias, dos quais 11 mil km são de trens de al ta velocidade. A grande dificuldade para a realização de investimentos nesse setor no Brasil é que as companhias chinesas estão acostumadas com projetos de construção das ferrovias, enquanto o modelo brasileiro envolve também a exploração da concessão dos serviços. Daí a necessidade da formação de consórcios com empresas brasileiras.

Mais de cem empresários chineses devem acompanhar Jinping ao Brasil, o que deve fortalecer os contatos para a criação de consórcios capazes de disputar leilões outras áreas além das ferrovias, como petróleo e energia elétrica.

“O Brasil se converteu no maior sócio comercial da China na América Latina. É o primeiro destino de nossos investimentos na região”, disse Xu Ying Zhen, diretora-geral do Ministério do Comércio para a América Latina e Oceania. Segundo ela, integrantes da delegação chinesa que vai ao Brasil estão “muito interessados” em fazer investimentos no Brasil nos setores de energia elétrica, automobilístico, ferrovias, estradas e portos.

A delegação terá empresas de tecnologia e internet, setor que recebe incentivos do governo dentro de um projeto de diversificação dos investimentos chineses no exterior. “Enquanto consolidamos a cooperação em setores tradicionais, podemos ampliar em outros segmentos da economia, como aviação e tecnologia”, disse Zhen.

A Baidu, empresa de sites de busca e tecnologia, considerada o Google chinês, vai desenvolver uma página em português dentro da estratégia de aproximação e ingresso no mercado brasileiro. A empresa escolheu o português, antes mesmo do espanhol, pois acredita no potencial para crescer no Brasil.

Atualmente, a Baidu conta com 500 milhões de usuários. Ao todo, o país, de 1,3 bilhão de habitantes, tem 600 milhões de usuários de internet. A empresa tem, portanto, mais de 83% do mercado. Como o Google resolveu se retirar da China por discordar da censura a alguns temas de busca, como, por exemplo, o massacre da praça da Paz Celestial, a Baidu, que já era líder do mercado anteriormente, com 70% contra 30% do sistema de buscas americano, consolidou a posição.

Com a visita de Jinping, a empresa chinesa Sany deve anunciar um investimento grande na área de máquinas e equipamentos. A Sany já adquiriu um terreno em Jacareí, interior de São Paulo, para iniciar a sua produção.

O Brasil será o país mais importante da visita de Jinping à América Latina, que incluirá Argentina, Venezuela e México. A região é considerada estratégica para o governo chinês que, tradicionalmente, atua por meio de acordos bilaterais, nos quais a sua posição para fechar os negócios sempre é maior – dado o tamanho da economia chinesa – que a do seu parceiro.

“Seguramente, as visitas vão assegurar os interesses de ambas as partes”, afirmou Li Baorong, vice-diretor-geral do Departamento de Assuntos Latino-Americanos do Ministério das Relações Exteriores da China. Segundo ele, a visita à região é importante para acelerar o crescimento da China.

De acordo com dados do Departamento Comercial do governo chinês, em 2013 o comércio entre aquele país e a região atingiu US$ 261 bilhões. As exportações da China chegaram a US$ 134 bilhões, enquanto as importações foram a US$ 127 bilhões.

“O intercâmbio com o Brasil ocupa mais de um terço das trocas comerciais com a região”, disse Baorong. “A China é o primeiro sócio comercial do Brasil e o principal mercado para as exportações brasileiras. Mesmo com as dificuldades na situação econômica mundial, nos últimos anos, tivemos êxito nessa relação.”