Analistas do mercado financeiro mantiveram as projeções para a inflação e os juros ao fim deste ano, mas subiram a estimativa de crescimento do PIB, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central, que colhe estimativas junto a cerca de cem instituições.
A projeção para a taxa Selic ao fim deste ano segue em 9,75%, enquanto a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi mantida em 5,82%. Para 2014, a projeção da Selic foi mantida em 9,75%, mas a do IPCA teve leve queda, de 5,97% para 5,95%.
Em relação ao PIB, a mediana das projeções dos analistas ouvidos pelo BC indica uma alta de 2,40% para 2,47% neste ano. A projeção subiu por três semanas consecutivas e, na semana anterior, tinha se estabilizando, para subir novamente no relatório desta segunda-feira.
Para 2014, as estimativas indicam um avanço de 2,20%, mesmo patamar da pesquisa anterior.
O mercado vem ajustando a projeção para 2013 desde o resultado surpreendente do PIB no segundo trimestre, que cresceu 1,5% sobre o primeiro, e apesar de setores, como a indústria, estarem com sinais negativos no terceiro trimestre.
No Focus, a estimativa para a expansão da produção industrial caiu de 1,92% para 1,7% neste ano e de 2,40% para 2,30% em 2014.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informou que a produção industrial permaneceu estável ante julho, o que reforçou a chance de queda do PIB no terceiro trimestre do ano. E a queda de julho — antes computada em 2% pelo IBGE — foi revisada para recuo de 2,4%.
O fato de a economia brasileira estar passando por um período prolongado de baixo crescimento – além da questão fiscal – foi um dos fatores citados pela agência de classificação de risco Moody’s para reduzir a perspectiva da nota brasileira de crédito, de positiva para estável. Na semana passada, o BC, em seu Relatório Trimestral de Inflação, reduziu a projeção para o PIB de 2,7%.
Decisão sobre Selic
Na próxima quarta-feira, dia 9, o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia sua decisão sobre a Selic. Os analistas esperam, em média, uma elevação de 0,50 ponto percentual no juro básico da economia.
Na semana passada, após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, alguns analistas consideraram que o Banco Central teria sinalizado que poderia encerrar o ciclo de aperto monetário com uma taxa de juros maior do que a prevista pelo mercado, de 9,75%. O relatório, divulgado na segunda-feira, mostrou que as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste e nos próximos dois anos seguem em patamares desconfortáveis.
Em entrevista para comentar o documento, o diretor de política monetária do BC, Carlos Hamilton Araújo, disse que “ainda há bastante trabalho a ser feito pela política monetária em termos de combate à inflação”. E emendou: “As projeções indicam um recuo lento da inflação. Mesmo no cenário de mercado, com os juros indo a 9,75% ao ano, a projeção aponta uma inflação elevada.”
Outros analistas, contudo, consideraram que o BC manteve os sinais para a política monetária e está próximo de interromper a alta dos juros. Isso seria justificado pela reafirmação da avaliação sobre a política fiscal, que deve se deslocar para a neutralidade “no horizonte relevante para a política monetária.”
No Relatório de Inflação, a projeção para a inflação no cenário de referência do relatório é de 5,8% em 2013, de 5,7% em 2014 e de 5,5% no período de 12 meses encerrado em setembro de 2015. Os percentuais superam o centro da meta de inflação de 4,5%, fixada para todos os anos do período. O cenário de referência do BC considerou Selic de 9% em 2013.
Top 5
Os analistas Top 5 – aqueles que mais acertam as projeções no Focus – mantiveram as projeções para o IPCA em 2013 (5,80%) e 2014 (6,17%) e também a estimativa para a Selic em 2013 (em 10,0%). Eles elevaram a projeção para o juro de 10,13% para 10,50% ao fim de 2014. As projeções são medianas de médio prazo.