O ministro do Ambiente defendeu esta sexta-feira que o grande potencial das energias renováveis está na eólica no mar (“offshore”) e que as barragens vão perder importância na produção de energia, a partir de 2030.
“A eólica ‘onshore’ [em terra] vai substituir-se, com uma maior capacidade de produção, mas, objetivamente, o grande potencial está na eólica ‘offshore’”, afirmou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, durante a sua intervenção na conferência “Energia Renovável Offshore Abre Novos Horizontes”, promovida pela Câmara Municipal de Viana do Castelo.
O governante sublinhou que, atualmente, a produção de energia a partir de fontes renováveis em Portugal faz-se sobretudo a partir dos recursos eólicos e hídricos, sendo que “o solar ainda é um menino, mas que vai crescer com os investimentos que estão em curso”.
No entanto, Matos Fernandes lembrou que, a partir de 2030 a água vai ser cada vez mais escassa e vai ter de ser utilizada para outras utilizações em que não há alternativa, e não para a produção de energia. Assim, as barragens, que são desde a década de 60 a principal forma de produção de energia em Portugal, “vão perder importância absoluta”, apontou.
Relativamente à energia eólica, o ministro referiu que as melhores localizações “onshore” estão hoje atribuídas e, portanto, o caminho será o da otimização, com turbinas mais desenvolvidas. Já a energia eólica “offshore”, prosseguiu, demonstrou o seu “grande potencial”, “a partir do momento em que a tecnologia mostrou que não é preciso amarrar ao fundo do mar as torres”, como acontece no primeiro parque eólico flutuante da Europa, o Windfloat Atlantic, em Viana do Castelo, orçado em 125 milhões de euros, coordenado pela EDP.
“Viana do Castelo é, de facto, da maior importância e o nosso objetivo é mesmo incentivar os investidores nacionais e estrangeiros a continuarem a investir neste domínio”, disse Matos Fernandes, lembrando que, dos cerca de 10.000 empregos criados pelas energias renováveis, 3.000 estão naquela região do norte do país.
Por sua vez, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, que também participou na conferência, destacou as competências “muito apetecíveis” desenvolvidas em Portugal, nas últimas décadas, ao nível dos recursos humanos, por exemplo, no âmbito das tecnologias. “Gostaria de pensar que continuaremos também a ser protagonistas desta mudança e não apenas tomadores de tecnologias desenvolvidas por outros”, liderando na produção de elementos para a transformação energética, concluiu Siza Vieira.