Importadores e exportadores não têm como saber onde a taxa de câmbio vai parar – ontem o dólar fechou a R$ 2,432, em queda de 0,78% -, mas há quase consenso de que o câmbio mudou de patamar e já alteram suas estratégias para a operação doméstica e no mercado externo.
As empresas importadoras começam a reajustar preços internos para compensar o aumento no custo decorrente da importação mais cara. Ao mesmo tempo, exportadoras fazem cálculos para baixar os preços de venda e conquistar – ou reconquistar – mercados.
Os reajustes de preços internos já ocorrem em vários segmentos, relatados ao Valor por empresas como a fabricante de eletrodomésticos Latina, a indústria de eletroportáteis Mondial, a Quattro Industrial, da área de plásticos, e a Metalplan. A Quattro não aplicava reajustes há dois anos. Na Metalplan, desde 2008 os aumentos só eram anunciados em janeiro.
O presidente da Marcopolo, José Rubens de La Rosa, observa que a alta do dólar aumentou a competitividade das exportações de caminhões e ônibus. “Nossa equipe de exportação está recebendo instruções para viajar mais, porque a nossa depressão exportadora vai diminuir”, diz La Rosa, que espera recuperar mercados perdidos no Oriente Médio.
No ano, o dólar passou de R$ 2,043 para R$ 2,432, alta de 19,04 %. Ontem, o Banco Central anunciou medidas para prover o mercado de proteção cambial e, paralelamente, na leitura de analistas, conter a ação de especuladores.
A partir de hoje e até pelo menos o fim do ano, o BC ofertará diariamente US$ 500 milhões em swaps cambiais, que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro. Às sextas-feiras, disponibilizará até US$ 1 bilhão por meio de leilões de linhas, modalidade na qual o a autoridade monetária vende dólares ao mercado com compromisso de recompra.