Estima-se que a demanda mundial por alimentos irá crescer cerca de 70% a partir de 2015. Com uso a utilização de resíduos agrícolas deve nortear alguns investimentos, uma vez que o meio ambiente não deve ser prejudicado por este crescimento. Alimentar o mundo sem lesar a natureza foi o tema do Dia Mundial da Alimentação deste ano e também o objeto de pesquisa de diversos projetos financiados pela União Européia.
A UE está investindo mais de 4 bilhões de euros em pesquisa e inovações para a bioeconomia, que faz com que a maioria dos nossos recursos naturais sejam renováveis. A agricultura é peça fundamental nestas pesquisas, garantindo a produção de alimentos, assegurando a gestão sustentável dos recursos naturais e apoiando o desenvolvimento das zonas rurais.
Tanto na União Europeia, canal de cerca de 18% da comida exportada no mundo , como em qualquer outro país, os resíduos agrícolas atrasam os produtores e isso tem custo – entre 55 e 99 euros por tonelada. Transformando os resíduos agrícolas em ração animal – solução apontada pelos pesquisadores financiados pela UE – novas oportunidades seriam abertas aos fazendeiros, representando um corte na dependência europeia na importação de ração. Isso poderia criar novas vagas de emprego na coleta dos resíduos, estações de tratamento e fabricação dos alimentos.
O conceito deve serbem aceito nas áreas rurais, onde o crescimento é menos intenso que nas áreas urbanas, e onde a indústria de rações é um motor econômico poderoso. “Um terço dos alimentos produzidos para o consumo humano é perdido ou desperdiçado – um total de 1,3 bilhões de toneladas por ano – o processamento de alimento produz uma grande quantidade desse desperdício”, diz o coordenador da pesquisa Mantse Jorba do Centro Tecnológico da Espanha. “Frutas e vegetais tem o maior índice de desperdício do que qualquer outro alimento. Isso equivale a um grande desperdício de recursos, incluindo água, terra, energia, trabalho e capital”.
O projeto NOSHAN, como foi batizado, irá transformar alimentos desperdiçados – frutas, vegetais e laticínios em particular – em ração animal, a baixo custo, e pouco gasto de energia. A equipe de pesquisa iniciou os trabalhos em 2012 acessando os dados de vários tipos de desperdício e construindo um banco de dados de potenciais ingredientes para ração.
O projeto deve ser concluído em 2016. Até lá a equipe irá descobrir também as melhores tecnologias para extrair e aprimorar cada tipo de resíduo.
O NOSHAN se apresentou ao setor agrícola europeu como uma oportunidade para atingir a sustentabilidade. Com a utilização de bio-resíduos, o setor agrícola reduz o seu impacto ambiental causado.
Os processos desenvolvidos pelo projeto ajudarão o agronegócio a recuperar calorias contidas nos alimentos desperdiçados e energia gasta na produção do alimento, além de reduzir de forma significativa o consumo de água.
Ao reduzir a necessidade para a produção de ração separada, o projeto NOSHAN pode reduzir a competição entre empresas de alimentos e empresas de ração – ambas precisam de terra e água. O projeto também está trabalhando em ingredientes de alimentos funcionais derivados de resíduos alimentares que se destinam a necessidades específicas dos animais, como promoção de saúde ou prevenção de doenças. Por exemplo, pesquisadores estão identificando atualmente fibras e peptídeos funcionais nesses resíduos. Estes serão utilizados para desenvolver rações direcionadas a porcos e aves.
A segurança é garantida através de um processo de monitoramento de todo o processo, desde a matéria prima residual ao produto final. Segurança em conjunto com a viabilidade técnica e econômica de cada processo estudado, irão decidir quais estratégias e produtos a equipe comercializará.
“A bioeconomia na Europa vale 2 trilhões de euros e oferece 22 milhões de empregos, motivo pelo qual é um foco da horizonte 2020”, diz Máire Geoghegan-Quinn, comissária de pesquisa, inovação e ciência da União Europeia. “Projetos como o NOSHAN traz juntos pesquisadores e empresários para potencializar nossa economia e nossa qualidade de vida de uma maneira sustentável”.
O NOSHAN foi premiado com pouco menos de 3 milhões de euros pelo programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico. Ele traz consigo institutos de pesquisa, uma Universidade, indústrias do setor alimentício da Espanha, Bélgica, Itália, Alemanha, França, Holanda e Turquia.
No dia 1º de Janeiro, a União Europeia lançou um novo programa de inovação e pesquisa chamado Horizonte 2020. Nos próximos 7 anos quase 80 milhões de euros serão investidos em projetos desse tipo para apoiar a competitividade da economia europeia e estender as fronteiras do conhecimento humano.
As pesquisas orçadas pela União Europeia focam principalmente no melhoramento diário de áreas como saúde, meio ambiente, transporte, alimentação e energia.
Parecerias de pesquisa com as indústrias farmacêutica, aeroespacial, automobilística, e eletrônica, também encorajam os investimentos da iniciativa privada no crescimento futuro e criação de empregos altamente qualificados.
O Horizonte 2020 terá um foco ainda maior em transformar excelentes idéias em produtos comercializáveis??, processos e serviços.