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Economia

Plano Safra torna produtores "reféns dos bancos"

Os produtores estão se tornando reféns dos bancos que, por sua vez, se utilizam de todos os recursos para comprometer o produtor

“Os produtores estão se tornando reféns dos bancos que, por sua vez, se utilizam de todos os recursos para comprometer o produtor”. A afirmação é do ex-ministro da Agricultura e atual presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli.

 O dirigente critica o crédito disponibilizado via Plano Safra: “O governo está entregando o comando do crédito para as entidades financeiras, mas a produção agrícola tem um objetivo e o banco tem outro, que é ganhar dinheiro sem ter risco, e a agricultura é a atividade de maior risco”.

“O Brasil tem total condições de crescer no agronegócio, mas não está fazendo o necessário devido à falta de planejamento estratégico e de políticas públicas. Temos condições de produzir cada vez mais. Porém, o volume que hoje é gerado já enfrenta problemas graves, como a falta de espaço para armazenamento da safra e uma logística comprometida, tanto no que se refere ao transporte como ao embarque dos produtos nos portos. Isso não poderia acontecer, mas é resultado de uma imprevisibilidade caótica. O problema não é só de falta de planejamento estratégico, mas, especialmente, de política pública, que nossos concorrentes usam e o Brasil também já utilizou há anos. Infelizmente, após sete planos econômicos, os governantes do país acabaram com essas políticas”, afirmou Paolinelli em entrevista ao Diário do Comércio.

Segundo ele, falta investimento por parte da União: “Para se ter uma ideia, o governo alardeia que está disponibilizando R$ 176 bilhões para a agricultura brasileira, no Plano Safra 2013/14, para produzir quase 200 bilhões de toneladas. Na década de 1970, o Brasil produzia 30 milhões de toneladas e tinha disponível este mesmo valor, se corrigido. Não está havendo correspondência, e este é o perigo”.

“O Brasil gera US$ 100 bilhões ao ano em exportações agrícolas. Se descontado o valor das importações, que vão desde combustível, fertilizantes e outros produtos químicos, ainda teremos um saldo de US$ 85 bilhões. Se o país tivesse um grupo que enxergasse à frente, o planejamento estratégico reverteria parte desde recursos para investir no setor. Se isso estivesse acontecendo, estaríamos exportando quase o dobro do que atualmente”, conclui.