Estudo do grupo alemão Global Soil Forum aponta que a quantidade de solo fértil per capita caiu pela metade nos últimos 50 anos. Com o ritmo de degradação atual, a projeção dos pesquisadores é que essa relação cair pela metade novamente até 2050 – o que traria impacto direto na produção de alimentos e equilíbrio climático.
O lançamento da Iniciativa 20×20 na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 20/Peru), previa investimentos de US$ 365 milhões para restaurar 20 milhões de hectares em sete países latino-americanos até 2020. No entanto, o governo brasileiro sequer faz parte dessa iniciativa.
“Já passou da hora de a degradação dos solos entrar no radar das políticas públicas. No Brasil, não se sabe exatamente quais seriam as responsabilidades dos diferentes entes governamentais na execução de uma política coerente para conservação dos solos. Hoje parte das ações se localiza no Ministério do Meio Ambiente, outra na Agricultura, outra no Desenvolvimento Agrário etc, as coisas estão desarticuladas”, afirma Matheus Zanella, pesquisador brasileiro do Global Soil Forum, que integra o Instituto de Estudos Avançados de Sustentabilidade (IASS), da Alemanha.
Um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revela que apenas o Cerrado tem 32 milhões de hectares de pastagens degradadas, o que representa 60% dos 53 milhões de hectares totais. Esse bioma ocupa 203,4 milhões de hectares e corresponde a 24% do território nacional, sendo responsável pela produção de 55% da carne brasileira.
“O mais importante é iniciar um debate sobre a questão no Brasil, porque hoje damos pouca atenção a isso. Lentamente vamos degradando o solo e causando impactos econômicos e ambientais”, comenta Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura.