Um projeto pioneiro na América Latina conta com a participação de uma egressa do CNA Jovem. Isadora Hermann Pötter, integrante da primeira edição do programa, é sócia e diretora da Guatambu Estância do Vinho, em Dom Pedrito (RS), que desde maio deste ano, é a primeira vinícola do continente latino americano a ser movida totalmente a energia solar.
Um parque solar com 600 painéis foto-voltaicos é o responsável por suprir 100% da demanda energética do empreendimento. O projeto, que começou a ser implantado em janeiro, esteve em período de teste a partir de 2013, com 18 painéis instalados fornecendo parte da energia para as instalações. O investimento foi de R$ 1,5 milhão e tem previsão de retorno em seis anos e meio. Além de economia financeira e de energia elétrica, o sistema registra redução na emissão de CO2 e devolverá à rede de energia a produção que não for utilizada. Os equipamentos – importados de empresas da Itália e Alemanha – também servirão como cobertura do estacionamento, na entrada da propriedade.
Segundo Isadora, há seis anos estão sendo feitas pesquisas e testes para escolher as melhores soluções quanto à energia renovável para a área onde está situada a vinícola. “Primeiramente instalamos uma estação experimental com aerogeradores e, a partir de 2013, instalamos o projeto piloto das placas solares. Com o resultado positivo e viável da produção de energia fotovoltaica, partimos para a instalação das placas solares, que estão suprindo nossa demanda de energia”, explica. A radiação solar na região da Campanha Gaúcha é 40% maior do que na região mais ensolarada da Alemanha, por exemplo, que é um dos líderes no uso da energia fotovoltaica.
A inovação e a preocupação com o meio ambiente são marcas registradas da Guatambu desde o manejo das videiras até as práticas industriais. A sustentabilidade também é encontrada no fornecimento de água do local. Reservatórios foram construídos para captar água da chuva, que é utilizada tanto para irrigação como para utilização dentro do complexo industrial e enoturístico, após passar por uma estação de tratamento. Nos vinhedos foi implementado um projeto-piloto com uma técnica sustentável e ecológica no controle de doenças fúngicas, com a utilização de micro-organismos que combatem naturalmente os fungos sem o uso de químicos.
“Precisamos pautar nossas ações atendo-se sempre à questão ambiental, social e econômica-financeira. Fomentar e desenvolver projetos de preservação, criar e manter um ambiente saudável, lutar por um mercado de competitividade justa, de equilíbrio e harmonia de relações e sistemas. Ações de sustentabilidade para minimizar os impactos ambientais devem ser atividades colocadas em prática no exercício de qualquer projeto ou empreendimento nos dias de hoje”, observa a advogada de formação.
Bagagem do CNA Jovem
Isadora avalia que a experiência no CNA Jovem contribuiu de forma muito relevante para as atividades que ela exerce junto à Guatambu. Ela considera que a troca de experiências com colegas de outras regiões, culturas e realidades, e o aprimoramento técnico obtido no programa trouxeram um grande diferencial que é aplicado tanto para o planejamento de ações e projetos quanto para as atividades rotineiras e de gestão exercidas na empresa. “As palestras com lideranças e as oficinas práticas também ampliaram meu conhecimento sobre o setor, e passei a utilizar novas ferramentas em meu dia-a-dia com base em todo esse aprendizado”.
Para os novos participantes do CNA Jovem, que iniciaram a etapa nacional no dia 8 de julho, ela recomenda que aproveitem ao máximo essa oportunidade única, absorvendo muito conhecimento. Na opinião da jovem gaúcha, é um grande privilégio poder participar de um programa tão qualificado e receber uma capacitação tão válida para a carreira profissional e de desenvolvimento do setor. “Mergulhem de cabeça no Sistema CNA/SENAR para aprender todo funcionamento dessas importantes entidades fundamentais à produção rural. Aproveitem todo conhecimento disponível através dos instrutores, das palestras, da troca de experiências que construímos com os colegas de projeto e com os representantes do SENAR e da CNA e tentem levar isso para suas cidades e regiões, aplicando o treinamento para aprimoramento de nosso setor”, declara Isadora, que nos próximos dias assumirá também a vice-presidência do Sindicato Rural de Dom Pedrito.