Os agricultores trabalham na colheita da safra em Indiana, um dos estados mais importantes do cinturão do milho e da soja dos Estados Unidos.
O fazendeiro John Frey se lembra da fase difícil pela qual passou em 2012. “Eu estou trabalhando nisso há 35 anos e disse aos meus filhos que espero que eles nunca passem por um ano como aquele”, diz.
O início da safra de soja de 2013 também chegou a preocupar. Houve dificuldades com o clima. Em abril, época do plantio da soja, o excesso de chuva provocou o adiamento do plantio. Já nos meses de julho, agosto e setembro, houve uma seca que acabou prejudicando a colheita dos grãos.
As áreas semeadas tiveram menor produtividade, cerca de 3,5 toneladas por hectare. Em um ano considerado normal, esse índice chega a quatro toneladas. A última estimativa do governo fala numa produção de soja de 85 milhões de toneladas, mas a previsão inicial era de 93 milhões de toneladas.
É uma boa safra, mas como os estoques andam apertados, os preços continuam remuneradores. Por isso, os agricultores não pretendem usar os silos para guardar a soja este ano.
“Estocar pode fazer uma grande diferença em anos em que temos uma produção muito alta. Mas num ano como este, em que os preços não estão tão ruins e a produtividade está dentro da média, não vale a pena manter nada do depósito. O mercado está dizendo que quer os grãos e temos que vender”, diz o agricultor Nick Frey.
No caso do milho, a colheita está andando rápido. O produtor Ben Lawson conta que o clima prejudicou um pouco a safra. “Se você tivesse vindo aqui em junho, eu te diria que teríamos uma produção recorde este ano. Estávamos muito otimistas. Só que não choveu em julho nem em agosto”, diz.
De qualquer forma, Ben está contente porque a colheita de 2013 passa longe do desastre que foi a do ano passado. Mesmo com uma safra que não é das piores, os norte-americanos colhem este ano uma produção menor do que era esperada na época do plantio. A previsão inicial era de uma safra de 360 milhões de toneladas e caiu para 351 milhões de toneladas.
Um dos principais analistas de milho em Indiana, Bob Nielsen afirma que este ano, apesar dos problemas climáticos, a safra deve trazer bons resultados. “Um ano com altos e baixos. Mas, depois disso tudo, quando olhamos pra frente, as expectativas são surpreendentemente positivas”.
A estiagem do ano passado foi considerada uma das piores dos últimos 50 anos. A falta de chuva prejudicou a safra de grãos, mas a renda no campo foi preservada. Os produtores tiveram fôlego até para aumentar um pouco a área de milho deste ano. Foram quase 39 milhões de hectares, com aumento de 80 mil em relação a 2012.
“Os produtores no ano passado receberam preços altos, apesar de ter menos produção. A maioria se beneficiou do seguro da seca de tal forma que continuaram as pessoas comprando máquinas e com dinheiro suficiente para comprar insumos, fertilizantes e sementes”, diz Marshal Martin, professor de economia agrícola.
A seca de 2012 foi a pior em cinquenta anos nos Estados Unidos e provocou a quebra de quase 30% da safra de milho. Mesmo assim, o agricultor continuou investindo, sem sofrer muito com a queda da renda por causa do seguro agrícola. Segundo o departamento de agricultura, no ano passado os produtores de milho receberam mais de US$ 15 bilhões em seguro.