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Exportação

Quase 60% das exportações do Paraná vão para apenas 10 países

Portos de SC e RS ganham espaço. Paranaguá e Santos perdem.

Quase 60% das exportações do Paraná vão para apenas 10 países

As exportações do Paraná estão cada vez mais concentradas, tanto em produtos como destinos. Os dez principais importadores de mercadorias do estado – liderados por países como China, Argentina, Holanda e Estados Unidos – foram responsáveis, no ano passado, por 59% das vendas de empresas paranaenses. Em 2012, esse índice era de 54,4%.

Portos de SC e RS ganham espaço. Paranaguá e Santos perdem – Os exportadores paranaenses reduziram os embarques pelos portos de Paranaguá e Santos (SP) no ano passado. O porto paranaense registrou uma queda de quase 2% e o paulista, de 7%, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Os exportadores do estado passaram a usar mais os terminais de Santa Catarina. Itajaí registrou um aumento de 21% e São Francisco do Sul, de 10%. Os volumes do porto de Rio Grande (RS), que tem uma base de comparação pequena, cresceram quase vinte vezes.

No ano passado, Paranaguá também perdeu para Rio Grande a segunda colocação nas exportações nacionais de soja. O terminal paranaense, que foi responsável por 21% dos embarques do produto em 2012, teve sua participação reduzida a 18% em 2013.

Na avaliação de Clecio Chiamulera, presidente Ibef, Paranaguá colhe os resultados dos anos que passou sem investimentos: “Os demais terminais, principalmente em Santa Catarina, se modernizaram. Paranaguá é hoje um porto mais sucateado e vai demorar ainda alguns anos para se equiparar aos demais”.

No total, os dez maiores importadores registraram um aumento de 11% nas encomendas, bem acima da média das exportações do estado, que cresceram 3%. O Paraná fechou o ano com exportações de US$ 18,2 bilhões contra US$ 17,7 bilhões em 2012.

As exportações para a Holanda, considerada a porta de entrada para a Europa, foram as que mais cresceram, com avanço de 28% no ano passado, e refletiram a recuperação da economia europeia. A melhora do cenário nos Estados Unidos provocou um crescimento de 12%. A China cresceu 17% e a Argentina, 12%.

Parte dessa concentração de destinos se deve também ao próprio perfil das exportações paranaenses, que são bastante dependentes de alguns produtos, segundo Roberto Zürcher, analista do departamento econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

“A China, que é nosso principal importador, é também o que mais importa soja, que é o nosso principal produto exportado. Ou seja, a concentração de produtos determina também a concentração de destinos”, explica.

Os dez principais itens exportados – entre eles produtos do complexo soja, automóveis, autopeças, açúcar, madeira e papel – representaram no ano passado perto de 80% dos embarques.

O Paraná depende cada vez mais das exportações de produtos primários. Em 2006, eles representavam um terço dos embarques. Agora, são mais de 50%, o que explica também a ascensão da China como principal importador do estado. A soja é tão importante para as exportações paranaenses que, sem ela, as vendas externas teriam caído 0,9% em 2013.

Para Clécio Chiamulera, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), é natural também que os próprios exportadores mirem mercados maiores na hora de vender. “Entre Estados Unidos e Afeganistão, o exportador vai escolher aquele no qual tem mais chance de receber”, diz.

As projeções para 2014 são de que tanto os destinos quanto a pauta de exportações não mudem muito em relação ao ano passado. O câmbio mais favorável, no entanto, deve influenciar positivamente a exportação de produtos manufaturados. Os preços das commodities, mais baixos, devem pesar um pouco sobre as exportações do agronegócio.

“Em linhas gerais, esperamos um crescimento de exportações pouco acima do que vimos em 2013”, diz Zürcher. No ano passado, o estado conseguiu reduzir um pouco o déficit na sua balança comercial, de US$ 1,6 bilhão para US$ 1,1 bilhão, tendência que deve se manter para este ano, com o dólar mais forte. “O câmbio deve frear um pouco a importação de produtos acabados”, diz.