O reajuste de 18% nas tarifas de energia da Eletropaulo a partir de julho já começou a puxar os resultados dos indicadores de inflação para cima. No Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que verifica a inflação no município de São Paulo, as primeiras revisões da conta de luz responderam por mais da metade da inflação de julho.
Segundo a Fipe, o índice teve alta de 0,16% na comparação com junho, sendo que 0,10 ponto percentual foi provocado pelo aumento da tarifa elétrica, que subiu 2,61% no período. “Sem isso, a inflação teria ficado em torno de 0,05%, muito próxima do que havia sido em junho”, disse André Luiz Chagas, coordenador da Fipe.
Por outro lado, muitos alimentos ficaram mais baratos, o que ajudou a segurar a variação para baixo e praticamente anulou o impacto da energia. O grupo alimentação teve queda de 0,58% em julho, depois de ter caído 0,37% em junho – isso retirou 0,13 ponto percentual do resultado final.
“O que explica a queda no grupo alimentação são os produtos industrializados, que vinham de uma variação muito alta, de 1,18% em junho, para queda de 0,39% neste mês”, explicou Chagas. É o grupo em que entram produtos como derivados de leite, carne, pães e café em pó, entre outros.
Esse comportamento, segundo Chagas, é resultado da resposta dos fabricantes às quedas que os preços de diversas matérias-primas vêm apresentando há meses. Por serem produtos com preços inteiramente livres – reajustados conforme o mercado, sem controle público ou indexação -, os bens industriais apontam para uma inflação mais moderada.
Os derivados de leite, por exemplo, como iogurtes e margarinas, tiveram uma moderada alta de 0,34% em julho – apesar de o leite ficar 2,36% mais caro no mês. As carnes ficaram, em média, 1,09% mais baratas e as aves 1,97%. O feijão teve queda de 5,4%, e, entre os in natura, tomate (-16%) e batata (-24,3%) ajudaram a aliviar.
Para este mês, a expectativa da Fipe é que o índice já apresente uma aceleração maior, de 0,54% no mês, puxada principalmente, de novo, pelo reajuste na eletricidade. “O grosso virá em agosto, quando as primeiras contas de muitas famílias começarão a chegar”, disse o coordenador.
Para o ano, a fundação mantem a projeção de inflação de 5,5%. Até julho, o IPC-Fipe acumula alta de 5,38% em 12 meses.