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Rondônia abre caminho para a soja transgênica em MT

Mesmo com o pagamento de bônus para o produto livre de transgenia, regiões famosas pela grande produção de variedades convencionais, como o Oeste e Noroeste de mato-grossenses, aderem à biotecnologia.

Rondônia abre caminho para a soja transgênica em MT

As regiões Oeste e Noroeste de Mato Grosso, dois polos de produção de soja convencional no Brasil, estão ampliando o terreno destinado ao cultivo de grãos transgênicos. Em visita a propriedades do Centro-Oeste e parte do Norte do Brasil, a Expedição Safra Gazeta do Povo conferiu que, mesmo com o pagamento de bônus para o produto livre de transgenia, os agricultores locais têm aderido em massa às sementes geneticamente modificadas (GM). A mudança está associada ao lançamento de variedades que, além de menos custosas, se mostram mais produtivas do que as convencionais, mas principalmente à abertura das portas de Porto Velho ao grão GM. No Oeste de Mato Grosso, os transgênicos estariam ocupando 50% da área de soja, conforme os produtores – há cerca de três anos o índice era de 10%.

O corredor de exportação de Rondônia, um dos mais movimentados no Norte brasileiro, é sustentado basicamente pela produção mato-grossense e passou a receber transgênicos há dois anos para atender ao interesse de países importadores. Apesar da estrutura estrangulada, o porto tem capacidade para embarcar 4,5 milhões de toneladas de grãos por ano – desse total, 4 milhões saem do Oeste ou Noroeste de Mato Grosso. A expectativa, contudo, é de que o volume escoado pelo porto de Rondônia aumente em pelo menos 3 milhões de toneladas até a safra 2014/15, com a conclusão do Complexo Rio Madeira, que vai encurtar o caminho das barcaças até Itacoatiara (Amazonas), de onde as cargas seguem para outros países, especialmente para a Europa e China. Os novos terminais serão construídos fora da cidade.

“A demanda no mercado internacional é muito grande e a gente não consegue atender. Já deixamos de comprar milho este ano por não ter capacidade de escoamento”, revela Hermenegildo Pereira, gerente da Hermasa, que pertence a um dos maiores grupos de produção de Mato Grosso, de André Maggi, e opera um terminal em Porto Velho. Neste ano, a empresa deve receber o mesmo volume de soja transgênica e convencional – 1 milhão de toneladas cada –, além de 600 mil toneladas de milho.

Com 6,7 mil hectares de soja – metade transgênica – na propriedade que mantém em Sapezal (Oeste), Robson Fogliato diz que as médias de produtividade cresceram depois de aderir ao uso da variedade na lavoura, numa diferença de cerca de 10 sacas por hectare. “Com o convencional recebo US$ 1 a mais por saca, mas no transgênico ganho em escala de produção”, explica. Com o lançamento de sementes convencionais contra nematóide – uma das principais pragas das lavouras do Centro-Oeste –, ele acredita que o terreno dedicado à soja GM ficará estável na região.

“A gente planta cada vez mais cedo para fugir da ferrugem e plantar a segunda safra, mas isso aumenta o risco de o potencial produtivo ser afetado”, pondera Sérgio Stefanelo, dono de 10 mil hectares em Campo Novo do Parecis. Dois terços da área são cultivados com soja transgênica e um terço com convencional. Ao mesmo tempo em que as variedades GM de ciclo curto prometem alto potencial produtivo, se mostram mais vulneráveis ao clima, diz.