A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) de São Paulo lançou nesta quarta-feira (31/5) a licitação para a construção do seu primeiro residencial vertical que irá produzir energia a partir da luz solar, por meio de placas fotovoltaicas. A medida vai proporcionar desconto na conta do apartamento e do condomínio dos moradores. O conjunto será construído em Aparecida, na região administrativa de São José dos Campos, com 62 moradias para famílias de baixa renda.
“O Governo de São Paulo sempre esteve na dianteira de inovações para moradias de interesse social. A CDHU, em seus mais de 50 anos, já fez isso com os aquecedores solares para água de chuveiro, individualização da medição de água e agora vamos fazer isso com a energia fotovoltaica”, diz o secretário estadual da Habitação, Rodrigo Garcia.
A iniciativa, que tem baixo custo de manutenção, é resultado da experiência com projetos-piloto que a Companhia implantou desde o começo do ano em 26 moradias pelo interior do Estado, que permitem geração de energia e criam um sistema de compensação de energia elétrica com a rede.
A energia é utilizada no consumo geral do residencial e o excedente é transferido para a rede de fornecimento da distribuidora. Por isso, o relógio de energia gira para dois lados, que podem registrar consumo ou geração de energia. Quando não houver produção de energia, seja à noite ou em dias com forte nebulosidade, os apartamentos serão abastecidos pela eletricidade da rede.
“A população do Estado de São Paulo está introduzindo fortemente a energia solar fotovoltaica em suas residências e o projeto da CDHU traz esse benefício para a população de baixa renda, que terá o abatimento na conta de luz e colaborando com o meio ambiente”, afirma o secretário estadual de Energia e Mineração, João Carlos Meirelles.
Para a produção de energia, há variáveis de fornecimento pelos módulos fotovoltaicos e também pelo consumo das famílias. Isso depende da angulação da casa em relação ao sol, do clima e do número de moradores.
Obras
A previsão é que a construtora responsável seja selecionada e o contrato seja assinado até setembro, com início da construção do Conjunto Habitacional Aparecida B a partir de novembro. O investimento previsto é de R$ 9,3 milhões.
No total, serão instalados 152 módulos de placas fotovoltaicas no telhado dos quatro blocos e que irão gerar em torno de 4.760 KWh/mês. A energia será destinada principalmente para as áreas comuns – estacionamento, espaços de circulação entre o condomínio e hall das escadas – e também para as moradias.
Sendo assim, os moradores economizam no pagamento de duas contas – tanto no condomínio, que inclui o consumo nas áreas comuns, quanto no seu próprio apartamento.
Os 64 apartamentos do residencial serão distribuídos em quatro pavimentos e mais um Centro de Apoio ao Condomínio (CAC). O residencial terá playgrounds, paisagismo completo – árvores, gramado e forrações -, mesas de concreto e bancos. Também será viabilizada toda a infraestrutura necessária: redes públicas e condominiais de energia, gás, esgoto e água, medição individualizada de água, sistemas de drenagem e telefonia.
Parceria
A novidade é resultado da parceria entre as secretarias da Habitação e de Energia e Mineração. Depois de firmado o convênio em dezembro de 2016, foram iniciados os contatos com as concessionárias de energia elétrica do estado de São Paulo para implantação de projetos-piloto com as placas fotovoltaicas. O objetivo é oferecer projetos habitacionais com alternativas de economia para os mutuários.
Em Pontes Gestal, há 14 moradias com as placas desde fevereiro deste ano. Foram instaladas quatro placas na cobertura das casas do Conjunto Habitacional Pontes Gestal F, que juntas disponibilizam uma geração de energia de aproximadamente 130 KW. O investimento das placas foi feito pela concessionária Elektro. Há também outros dois projetos-piloto. Está sendo usada a geração da energia fotovoltaica em oito casas no residencial C2 em Elisiário, cuja instalação foi feita pela concessionária Absolar, em três unidades do conjunto C2 e uma no residencial F em Itatinga, por meio da Solar.
A CDHU, por meio do Comitê de Sustentabilidade, desenvolve estudos e possui diretrizes para o aprimoramento da política de sustentabilidade dos empreendimentos habitacionais com o uso racional e aquecimento da água nas residências. É o caso do uso de aquecedores solares para água de chuveiro em empreendimentos da CDHU, que geram uma economia de 12,7 mil MWH/mês, o equivalente ao consumo mensal de uma cidade de 311 mil habitantes.
Sobre o potencial de geração solar no Estado
A Subsecretaria de Energias Renováveis, da Secretaria de Energia e Mineração, coordenou os estudos que apontam o potencial de energia solar do estado de São Paulo para geração fotovoltaica de 12 TWh/ano. O mapeamento dos níveis e faixas de irradiação mostram a viabilidade técnica e econômica para a geração de energia fotovoltaica entre as faixas de radiação anual de 5,61 e 5,70 kWh/m²/dia, considerando a melhor faixa de aproveitamento, correspondente a 0,3% do território paulista. O estudo reúne 25 mapas que mostram o potencial de geração solar em cada uma das regiões do Estado de São Paulo.