Com sinais de que as processadoras não vão pagar prêmio pela soja convencional (como ocorreu nas duas últimas safras), os produtores do Centro-Oeste optam por voltar a plantar sementes geneticamente modificadas. O ágio para o grão não-transgênico chegou a atingir R$ 5 por saca de 60 quilos nos últimos meses, chegando a R$ 54 no Mato Grosso, de acordo com dados da consultoria FNP Informa divulgados em reportagem do jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba (SP).
A Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange) chegou a afirmar que, na safra 2013/14, o estado do MT voltou a avançar no plantio de soja convencional pela primeira vez depois da adoção em larga escala da tecnologia transgênica nas lavouras brasileiras. Os grãos convencionais seriam 20% do total plantado, o que representaria um aumento de dois pontos percentuais em relação ao ciclo anterior.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), a área plantada com soja no estado chegou a 8,3 milhões de hectares na temporada 2013/14.
“A Europa é a maior importadora global de soja convencional. Mas os principais compradores, sobretudo a Alemanha, estão mais flexíveis em relação à soja geneticamente modificada. Isso desestimulou o pagamento desse bônus”, disse Ricardo Tatesuzi de Sousa, diretor executivo da Abrange. “Podemos ter um novo retrocesso ou na melhor das hipóteses manter a área”, admite.
O diretor financeiro e administrativo da Famato, Nelson Picolli, afirma que cerca de 70% a 80% dos produtores do Centro-Oeste já compraram os insumos (defensivos, fertilizantes, sementes, etc) para a próxima safra. “A decisão de plantio já está praticamente tomada”, conclui.