De acordo com Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), se o Brasil investisse mais e melhor em infraestrutura, isso estimularia também as empresas de capital privado a aplicar recursos para aumentar sua rentabilidade. “Só que estamos na contramão dessa tendência, temos números muito ruins de investimento em infraestrutura”, lamentou o especialista.
Segundo ele, seria necessário investir 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura nos próximos 15 anos. Em apresentação no seminário “A agenda de crescimento do Brasil”, o economista destacou que essas obras podem ser indutoras de expansão.
“Não é difícil entender a razão. Se a estrada não tem buracos, o caminhão se desgasta menos. Se a estrutura ferroviária permite a passagem de mais trens, a mercadoria escoa com mais rapidez”, afirmou Armando Castelar.
Ele lamenta que, no Brasil, “a realidade é ainda pior dos que os números, que assumem que dinheiro que é gasto gera capital, infraestrutura. Mas a realidade é que às vezes não vira, há desperdício”. Citando como exemplo a transposição do Rio São Francisco, não finalizada até agora, o pesquisador aponta que “esse é o pior dos mundos, porque o capital está lá parado e quando a obra for contabilizada no investimento em infraestrutura, serão R$ 10 bilhões, quando na verdade o projeto vale R$ 5 bilhões”.
O economista aponta como alternativa os Projetos de Parceria Público-Privadas e as concessões: “Os objetivos ficam mais alinhados, já que concessionário está interessado em ter bom projeto e terminar a obra, porque vai geri-la no futuro. Claro que precisa de bom desenho de leilão”.