Com o fim do El Niño, outro fenômeno entra em atividade em breve, a La Niña. Seu retorno gera preocupação no Brasil e no mundo devido aos efeitos nas chuvas e nas temperaturas. Entenda mais o seu funcionamento e os impactos esperados durante a sua atividade.
O que é e quais os efeitos da La Niña
O período de La Niña é caracterizado por uma anomalia negativa na temperatura de -0,5 °C ou menos nas águas superficiais de partes central e leste do Pacífico Equatorial, que deve se manter por, pelo menos, cinco trimestres consecutivos para ser oficializado. A variação positiva indica El Niño.
Há diversas teorias sobre o que está por trás dessas anomalias, mas não há um consenso na comunidade científica para justificar estes ciclos. O que se sabe com certeza os efeitos dos fenômenos no clima.
Por regra, durante a La Niña, as chuvas diminuem na região Sul e aumentam no Norte e Nordeste. Já no Sudeste e no Centro-Oeste, há riscos de períodos frios, com as temperaturas abaixo da média histórica. Foi assim na última vez em que ficou ativo, entre 2020 e 2023, explica Patrícia Cassoli, meteorologista da Climatempo.
“No El Niño é o contrário, com impactos associados ao aumento da chuva no Sul e diminuição no Norte e Nordeste, e as temperaturas mais altas no Sudeste e também no Centro-Oeste”, esclarece.
O La Niña tem por característica atrasar o início do período úmido no país. Por isso, a expectativa é de chuva entre agosto e setembro no Sudeste, Centro-Oeste e Norte, mas abaixo da média histórica. No Sul, os períodos de instabilidade, como as chuvas fortes que provocaram enchentes no último mês, devem reduzir.
Vai ter La Niña em 2024?
Sim. A expectativa é que o Oceano Pacífico permaneça em neutralidade até, no máximo, setembro, dando início a temporada de La Niña. Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), há 65% de chances do fenômeno entrar atividade neste inverno, entre julho e setembro.
Ainda segundo a especialista ouvida pela Globo Rural, os modelos meteorológicos não mostram com clareza as implicações do La Niña.
De acordo com Cassoli, isso acontece porque o fenômeno não está configurado. “E a atmosfera demora um tempo para responder à mudança de padrão. Os efeitos do La Niña devem começar a ser sentidos mais para o fim do inverno e, principalmente, a partir da primavera”, completa.