O El Niño 2023/24, que ainda influencia o clima no Brasil, é um dos cinco mais fortes já registrados. A afirmação é da Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês). Boletim divulgado nesta semana aponta que o fenômeno climático está enfraquecendo, mas continuará levando a temperaturas mais quentes pelo menos até o mês de maio.
“Espera-se que o El Niño continue, embora mais fraco, e as temperaturas acima do normal previstas para a superfície do mar em grande parte dos oceanos globais levem a temperaturas acima do normal em quase todas as áreas terrestres”, afirma a nota da Organização.
As chances são de 60% do El Niño se manter pelos próximos dois meses e de 80% para uma condição de neutralidade entre abril e junho.
“Todos os meses, desde junho de 2023, estabeleceram um novo recorde mensal de temperatura – e 2023 foi de longe o ano mais quente já registado. O El Niño contribuiu para estas temperaturas recordes, mas os gases com efeito de estufa que retêm o calor são inequivocamente os principais culpados”, afirma a secretária-geral da Organização, Celeste Saulo, no boletim.
El Niño e La Niña
O comunicado da WMO destaca que há possibilidade de ocorrência do fenômeno La Niña até o final do ano, mas pontua que as chances ainda são incertas.
A avaliação difere da divulgada pela Administração Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), que já aponta 75% de possibilidade de ocorrência de La Niña a partir do segundo semestre.
“O cenário deve mudar rapidamente nos próximos meses. Entre julho e agosto, podemos ter o início do La Niña, o que traz impactos extremamente importantes para o agronegócio brasileiro”, afirma Willians Bini, meteorologista e Chief Climate Officer (CCO) da FieldPRO.
Segundo ele, o retorno da La Niña pode causar chuvas irregulares nas regiões produtoras do Brasil. É possível que haja uma nova estiagem no Sul do país e atrasos na ocorrência de chuva no centro-oeste, o que pode prejudicar o início da safra de grãos.