Um estudo divulgado pelo World Weather Attribution revelou que as mudanças climáticas foram a principal causa da seca recorde que assolou a Amazônia no segundo semestre do ano passado. O aquecimento global desencadeou uma seca extrema, temperaturas elevadas e uma redução significativa nas chuvas na região, afetando oito estados amazônicos.
Entre outubro e novembro, considerada a seca mais grave em 40 anos, cerca de 500 mil pessoas foram impactadas, resultando na morte de botos ameaçados de extinção. Além disso, a qualidade do solo para agricultura e pecuária em aproximadamente 80 municípios do Amazonas e 144 do Pará foi comprometida. A seca também interrompeu o tráfego de navios, aumentando os custos das rotas comerciais na região Norte do Brasil.
O estudo, realizado entre junho e novembro de 2023, identificou que os rios atingiram os níveis mais baixos dos últimos 120 anos, impactando cerca de 30 milhões de pessoas na bacia amazônica em vários países, incluindo Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia. O transporte foi interrompido, comunidades foram isoladas, e a vida selvagem foi afetada.
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Cientistas de Brasil, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos analisaram se a seca foi influenciada por mudanças climáticas ou pelo El Niño. Concluíram que o El Niño reduziu a precipitação, mas a seca severa foi principalmente causada pelo aumento das temperaturas globais, impulsionado pelas mudanças climáticas relacionadas à queima de combustíveis fósseis e desmatamento.
O estudo também destacou que populações vulneráveis, como pequenos agricultores, comunidades indígenas, rurais e ribeirinhas, foram desproporcionalmente afetadas. Práticas históricas de má gestão de terras e recursos, incluindo desmatamento, incêndios e agricultura corporativa, agravaram a exposição aos impactos da seca.
A necessidade de reforma nas políticas e integração de ações que contemplem previsões, alertas precoces, planos de contingência da seca e práticas sustentáveis de gestão da água foram ressaltadas. Enquanto o período de enchentes chega à Região Norte, a previsão é de uma cheia menos intensa em 2024, indicando a importância de investir em medidas para enfrentar futuras situações desafiadoras.