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A agricultura no Estado do Rio - por Joel Naegele

Faerj e Alerj deliberaram, em boa hora, se aprofundar em uma análise da fraqueza considerada endêmica do setor.

A agricultura no Estado do Rio - por Joel Naegele

A Federação da Agricultura do Rio de Janeiro (FAERJ) e a Câmara Setorial de Agronegócio da Assembleia Legislativa do Rio (ALERJ), preocupadas com o propalado baixo desempenho da agropecuária em nosso estado, deliberaram, em boa hora, se aprofundar em uma análise da fraqueza considerada endêmica do setor. Este aspecto, diga-se de passagem, em termos de Brasil, supostamente nada representa para o agronegócio – atividade que responde por 35% do PIB, empregando um terço da mão de obra nacional, e que garante quase noventa bilhões de dólares na balança comercial do país.

As estatísticas e os estudos que permitem a montagem do Orçamento Público estadual, incluindo o do ano de 2012, consideraram que a agropecuária fluminense só seria responsável por apenas 0,04% por cento do total orçamentário – o que, logo à primeira vista, comprovaria a debilidade do setor. No entanto, pesquisas elaboradas pelo Tribunal de Contas do Estado em 2008, mostraram que o valor movimentado pelo agronegócio fluminense foi superior a R$ 12,3 bilhões no referido ano. Isso demonstra a irrealidade do orçamento estadual, que desconhecia, de maneira lamentável, a importância desses números – causa principal do mísero destaque na composição no PIB.

Segundo análise efetuada pela FAERJ, a verba destinada à Secretaria de Agricultura do estado mal dá para pagar os funcionários da EMATER, que necessitam do aporte de recursos das prefeituras a fim de garantir a gasolina para seus carros, quando visitam produtores. Seria cômico se não fosse trágico.

Tive ocasião de participar de algumas reuniões realizadas no Rio de Janeiro para discutir o assunto que, ao final, provocou um encontro de maior porte na ALERJ, com a presença dos deputados da Comissão de Agricultura. Na ocasião, toda a documentação a respeito foi analisada e debatida. Vários deputados estranharam a injustiça que se praticava contra um setor de enorme importância social e econômica para o Rio de Janeiro. Esse tratamento injusto, e até mesmo desumano, pode ser apontado como agravante no processo de esvaziamento econômico no campo.

Fica evidente a pouca relevância da agricultura e da pecuária na região centro-norte fluminense, que apresenta índices de causar pena.

Acredito que já passou da hora das Câmaras de Vereadores começarem a debater com seriedade o assunto, com o objetivo de buscar soluções por meio de um estudo mais apurado sobre o papel atual da agricultura e da pecuária, e de que maneira essas atividades poderão encontrar representatividade em nossos municípios. As conclusões certamente deverão influir na esfera estadual.

Enfim, é tempo de promover uma reação contra a inércia e o descaso.

Joel Naegele, vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura