Embora fontes governamentais procurem fazer de conta que nosso país esteja distante da crise que assusta os líderes europeus, os efeitos da crise de 2008, provocada pela “bolha imobiliária” americana, estão até hoje longe de serem resolvidos. A verdade, segundo opiniões abalizadas por especialistas da área econômica, é que estamos bem perto do furacão, e isso está impedindo que os dirigentes dos países do Primeiro Mundo durmam sossegados. Os economistas temem que os efeitos deletérios desses acontecimentos, mesmo que devagar, também acabem por perturbar o sono dos brasileiros.
Quem se der ao trabalho de pesquisar o desempenho da balança comercial, já no levantamento efetuado em setembro de 2011, vai verificar que a exportação de commodities, mais uma vez, foi a responsável pelo “superávit” registrado. Esse fato tem sido uma constante.
Ocorre, no entanto, que as maiores estrelas desses resultados são a soja, carnes, minérios, etanol etc., ou seja, os chamados produtos primários, cujos preços tiveram grande valorização nos últimos tempos. A grande preocupação reside no fato de que as grandes economias em crise, em algum momento, irão forçar a queda dos preços, ou mesmo deixar de comprar as quantidades nos volumes atuais, e pior que isso, aos preços atualmente vigentes.
Não é difícil concluir que fatores dessa natureza geram consequências difíceis de serem mensuradas, já que, com a diminuição da entrada de dólares, nos índices necessários ao equilíbrio das contas externas, de alguma forma esses problemas irão, fatalmente, refletir em nossa economia. Soma-se a isso a queda da produção industrial brasileira, que sofre forte competição dos produtos “made in China”.
Além do mais, temos de considerar o custo da máquina pública brasileira, que, para ser mantida, precisa cobrar impostos escorchantes, que dificultam as empresas e diminuem o poder de compra dos brasileiros.
Com isso, torna-se necessário testar, mais uma vez, a veracidade da famosa expressão “Deus é brasileiro”.
Por Joel Naegele, vice presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, conselheiro da Associação Comercial do Rio de Janeiro, membro da Câmara Setorial de Agronegócios da ALERJ e diretor da Associação Comercial de Cantagalo.