Qual seria sua resposta para essa pergunta? Em uma análise geral seria: “sim, ambos estão do mesmo lado!”. Mudam coisas ali, seus líderes com ideais distintos em alguns pontos, mas certamente quem os conhece, vê com bons olhos esta interação. Cabe esclarecer que a agricultura brasileira passou por verdadeiros desafios nos últimos 40 anos. Foram épocas difíceis, cobranças e falta de infraestrutura. Mas o fato é que agricultura contribui muito para harmonia entre o campo e o meio ambiente.
O Brasil é líder em segmentos agrícolas! Contribuímos diretamente ao planeta: temos 61% de nossas florestas preservadas, enquanto que a Europa tem cerca de 3% e ainda crítica veemente o nosso país. Não podemos pensar em uma agricultura sustentável se não analisarmos aspectos sociais, ambientais e econômicos. De nada adianta preservamos se não tivermos melhorias sociais e econômicas em nossas atividades. Talvez nos dias de hoje, os aspectos ambientais precisam ter preferência diante dos demais, mas o equilíbrio entre o “triple bottom line” (tripé da sustentabilidade) deve prevalecer.
Os grandes exemplos que a agricultura tem apresentado poderiam ser seguidos pelas cidades, não devemos ter dúvidas que a agricultura contribua de forma significativa para a preservação do meio ambiente. E como homenagem à semana ambiental, os números do agro são exemplares. Segundo o engenheiro agrônomo, Dirceu Gassen, nos anos 80, para se produzir um quilo de arroz, o consumo de água estava em torno de 5.600 litros de água. Com a adoção do plantio direto, hoje, para produzir o mesmo quilo de arroz, se gasta 1.300 litros de água. O que é de fato uma evolução gigantesca e demonstra que o Brasil usa seus recursos de forma consciente e sustentável.
Os exemplos não param por aí: o consumo de diesel diminui drasticamente. Para se produzir um quilo de soja nos anos 80, tínhamos o consumo de 68 ml de diesel. Hoje estamos com 8,9 ml para produzir o mesmo quilo. Isso tudo contribuí com diminuição dos gases emitidos na atmosfera. No uso de químicos, o Brasil gasta, em média, U$ 100,00 para produzir 13 toneladas de alimentos, enquanto que outros países gastam os mesmos U$ 100,00 para produzir quatro toneladas. Em termos de produtividade por hectare, os números são ainda maiores em contribuição para a preservação do meio ambiente. Se tivéssemos mantido a nossa produtividade dos anos 70 e 80, que em média tínhamos 1.000 kg/ha, frente aos 3.000 kg/ha de hoje, certamente o processo de desmatamento não estaria nos patamares atuais que beiram o chamado “desmatamento zero”. Certamente preservamos mais de 70 milhões de hectares no Brasil.
Os paradigmas e mitos colocam o meio ambiente e agricultura em lados opostos. Mas isso não deve acontecer. Ambos precisam um do outro, não há agricultura sem preservação. Pergunte a um produtor: “qual o seu maior bem?”. Em 100% dos casos a resposta será: “minha propriedade (terra)”. Não se produz sem terra! Enfim, a agricultura agradece o meio ambiente por poder produzir. Além de muitas vezes ensinar que o equilíbrio é eminente para que a agricultura continue no caminho para a sustentabilidade plena. Agricultura e produtores rurais prestam sua homenagem ao nosso parceiro meio ambiente. Eu acredito que os lados têm o mesmo tamanho e rumam ao desenvolvimento cada vez mais sustentável.
Por José Annes Marinho, Engenheiro Agrônomo, Gerente de Educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal – ANDEF.