Moderno, eficiente, competitivo e próspero. O agronegócio brasileiro constitui-se na locomotiva da economia brasileira, com mais 1/3 do Produto Interno Bruto (PIB), mais de 40% das exportações e quase 40% dos empregos. Clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante, boa distribuição de água, terras disponíveis e tecnologia apropriada. Temos potencial de crescer em empreendimentos relacionados às cadeias produtivas, com desenvolvimento tecnológico no avanço agropecuário e as recentes técnicas desenvolvidas na atividade melhoram a produtividade.
Temos desafios ainda, como falta de mão-de-obra; efeito de um ensino médio inadequado, elevados índices de evasão, diminuição de escolas rurais, fraca articulação de políticas de expansão do ensino com arranjos produtivos locais, raros cursos superiores de tecnologia e estruturas curriculares ultrapassadas. A solução seria reforma do ensino, adoção de novas políticas de expansão, reforma das práticas pedagógicas, estímulo à criação de novos cursos superiores de tecnologia, fortalecimento da educação continuada e incremento da articulação entre o meio acadêmico e o setor de agronegócio.
Triste ver “ruralistas” e “ambientalistas” se tapeando quando o agronegócio brasileiro está com tudo para construir um modelo sustentável e servir de exemplo ao mundo. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que será dirigida por um brasileiro em 2012, prevê pelo menos dez anos de preços agropecuários elevados, pelo forte crescimento do consumo de proteínas animais e alimentos industrializados na Índia, China e Brasil. Resultado: a demanda por soja e milho, ração básica de frangos, suínos e bois, disparou; enquanto demanda cresce, oferta perde força e não há mais espaço para plantar no mundo, exceto no Brasil, que vai enfrentar restrições ambientais cada vez mais rigorosas para abrir novas fronteiras.
Crescimento – Projeções mostram que a produção agrícola mundial terá que crescer pelo menos 20% para dar conta do aumento e impedir a fome. No Brasil, a estimativa é de um crescimento de 40%. Com isto, a renda do agro está garantida nos próximos anos, o que abre para o setor investir parte do lucro em tecnologia, infraestrutura, logística e sustentabilidade. Em alguns Estados, empresários esqueceram o governo e decidiram construir aeroporto e estradas. Por falar em sustentabilidade, há 50 milhões de hectares de pastos degradados que podem ser recuperados para o agronegócio sem desmatar novas áreas. Tecnologia não falta. Com linha de crédito no pacote agrícola, há projetos de plantio direto na palha, integração lavoura-pecuária, fixação biológica de nitrogênio e tratamento de resíduos animais (biodigestores) com taxa de juros por volta de 5,5% ao ano e o Brasil pode liderar um projeto global de economia verde, mudando paradigmas agrícolas.
O agronegocio continua crescendo no PIB do primeiro semestre do ano, liderando a economia brasileira e sustentando a balança comercial por uma década. Não podemos ter imagem de antissocial pela responsabilidade de problemas ambientais, ideia não fundamentada, pois alimentamos a população brasileira e mundial com iniciativas para que o impacto ambiental seja o menor possível, com princípios de sustentabilidade, levado a sério em sua história, ajudando o Brasil a conhecer riquezas, seu meio ambiente e desempenhando um importante papel no crescimento socioeconômico da população com seu posicionamento no mercado nacional e internacional.
Ideia errônea, que em opiniões influentes, demonstra falta de conhecimento da realidade econômica do Brasil em prol de outros países, produtores de alimentos e/ou multinacionais, que usam a bandeira verde para dar continuidade a um colonialismo disfarçado. Um dos principais pilares dessa ideologia é que o agronegócio é responsável pelo desmatamento das florestas, fomentado em noticiário da imprensa brasileira, vivendo-se num mundo no qual a mídia é acessível por inúmeras tecnologias e reforçando o poder de influência com um gol contra, pois se deve usá-la de forma positiva e fundamentada.
Prognósticos – Em 1960, Paul Ehrlich escreveu: “A batalha para alimentar toda a humanidade acabou, nas próximas décadas, centenas de milhões de pessoas vão morrer de fome, apesar de qualquer plano de emergência iniciado agora, a esta altura nada pode impedir o aumento substancial da mortalidade mundial”. Outro pessimismo ao futuro da produção mundial de alimentos foi “The Limits to Growth” (Os limites do crescimento) feito por cientistas do Massachusetts Institute of Technology (conceituado instituto de pesquisa norte-americano, MIT) em 1972, pesquisando formas de conciliar crescimento econômico e meio ambiente, afirmou que o mundo ficaria sem matérias-primas para sustentar economias e povos, não se confirmando.
Hoje, desponta no cenário internacional a mudança de postura de uma nação da América do Sul, que importava praticamente todos os alimentos. O Brasil decidiu expandir sua produção investindo em pesquisas, não em subsídios, mudando a cultura e a determinação nacional do governo em formar a capacidade produtiva agrícola brasileira. O gigante tropical agrícola acordou, mostrando sua força e entre suas estratégias estão a pesquisa, existência de empresas e/ou propriedades com aplicação de capitais, abrindo mercado, novas práticas de manejo e um povo empreendedor, adotando e mostrando ao mundo um modelo de gestão único no cenário global, baseado em alta produtividade, sem subsídios, adaptado a funcionar em países pobres como os de continentes africanos e asiáticos, modelo eficiente e o Brasil se tornou o maior produtor e exportador de grãos, fibras e carnes do mundo.
Valter Bampi, médico veterinário, professor universitário e especialista avícola.