Há alguns dias conversando com professores sobre diversos assuntos, dentre eles acontecimentos nos campus universitários, políticas públicas, lideres universitários, comportamento dos alunos, curriculum, entre outros, de uma conversa informal, mas com a profunda riqueza de experiências vividas por estes professores de cinco universidades do Brasil.
No decorrer da prosa, me chamou atenção um assunto: o curriculum – que particularmente tem tirado o sono destes professores e agora o meu. Em um passado recente tínhamos cargas horárias robustas, onde praticamente todas as “cadeiras” – como chamavam vulgarmente as disciplinas, eram obrigatórias.
Pois bem: hoje, em particular a grade curricular dos cursos de ciências agrárias, tem deixado a desejar, pois muito de nossos colegas se quer tem experiência em fitossanidade, por exemplo. Há alguns anos tínhamos disciplinas obrigatórias que apresentavam manejos, controle químico, cultural e mecânico. Infelizmente hoje já não temos este cenário. O que nos deixou muito preocupados.
Pergunto a vocês: será que não está na hora de prepararmos melhor nossos futuros profissionais do campo, especialmente com a demanda do setor aquecida? Se quisermos que Brasil possa usar corretamente as tecnologias disponíveis, precisamos investir tempo e conhecimento, por isso é preciso mudanças imediatas em nossa grade curricular. Temos visto problemas recorrentes no campo e isso sem dúvida é reflexo do que foi proposto aos alunos, pelos órgãos responsáveis como CONFEA, CREA, MEC etc.
Talvez nossa preocupação não seja a mesma destes órgãos. Particularmente não entendo por que o CREA faz campanha contra defensivos agrícolas e fertilizantes, já que sua função é outra. Seria sua responsabilidade sabendo que muitos agrônomos e técnicos trabalham e tem seu ganho deste segmento? Para que serve isso? O que ganham? Profissionais do CONFEA e CREA divulgando as câmaras de agronomia, dossiês contrários a estas tecnologias que muito ajudam a agricultura brasileira. Será que quem faz isto acredita que as pessoas que trabalham nestes segmentos vivem de fantasias?
Pois é colegas, novamente vivemos em contradições, aqueles que acreditam que podemos ter uma agricultura agroecológica, sem uso de qualquer químicos, vêem isso como o futuro e criam mitos tentando transformá-los em verdades e fatos. Ainda bem que a ciência comprova tudo em sua normalidade e derruba o mito.
Já havia dito em outros artigos: a educação muda tudo. Mudanças já: as ciências agrárias agradeceriam! Somente assim nossa preocupação poderá sucumbir e problemas, antes recorrentes, serão exterminados, pois fazendo isso, estaremos ajudando cada vez mais nossos maiores bens: a agricultura e o nosso agricultor.
José Annes Marinho, Engenheiro Agrônomo, Gerente de Educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal – Andef