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As ciências agrárias esperam por soluções urgentes! - por José Annes Marinho

Hoje, em particular a grade curricular dos cursos de ciências agrárias, tem deixado a desejar, pois muito de nossos colegas se quer tem experiência em fitossanidade, por exemplo.

As ciências agrárias esperam por soluções urgentes! - por José Annes Marinho

Há alguns dias conversando com professores sobre diversos assuntos, dentre eles acontecimentos nos campus universitários, políticas públicas, lideres universitários, comportamento dos alunos, curriculum, entre outros, de uma conversa informal, mas com a profunda riqueza de experiências vividas por estes professores de cinco universidades do Brasil.
No decorrer da prosa, me chamou atenção um assunto: o curriculum – que particularmente tem tirado o sono destes professores e agora o meu. Em um passado recente tínhamos cargas horárias robustas, onde praticamente todas as “cadeiras” – como chamavam vulgarmente as disciplinas, eram obrigatórias.
Pois bem: hoje, em particular a grade curricular dos cursos de ciências agrárias, tem deixado a desejar, pois muito de nossos colegas se quer tem experiência em fitossanidade, por exemplo. Há alguns anos tínhamos disciplinas obrigatórias que apresentavam manejos, controle químico, cultural e mecânico. Infelizmente hoje já não temos este cenário. O que nos deixou muito preocupados.

O motivo da preocupação é sem dúvida o despreparo que muitos de nossos jovens, recém-formados, pouco viram de alguns assuntos, dos quais irão trabalhar em seu dia a dia. A recomendação de fertilizantes, controle químico, modos de ação de produtos, toxicologia, proteção, legislação ambiental e trabalhista: todos estes aspectos, em tese, estão sendo esquecidos pelo modelo recomendado pelas lideranças que formatam a grade curricular dos cursos de ciências agrárias.
Pergunto a vocês: será que não está na hora de prepararmos melhor nossos futuros profissionais do campo, especialmente com a demanda do setor aquecida? Se quisermos que Brasil possa usar corretamente as tecnologias disponíveis, precisamos investir tempo e conhecimento, por isso é preciso mudanças imediatas em nossa grade curricular. Temos visto problemas recorrentes no campo e isso sem dúvida é reflexo do que foi proposto aos alunos, pelos órgãos responsáveis como CONFEA, CREA, MEC etc.
Talvez nossa preocupação não seja a mesma destes órgãos. Particularmente não entendo por que o CREA faz campanha contra defensivos agrícolas e fertilizantes, já que sua função é outra. Seria sua responsabilidade sabendo que muitos agrônomos e técnicos trabalham e tem seu ganho deste segmento? Para que serve isso? O que ganham? Profissionais do CONFEA e CREA divulgando as câmaras de agronomia, dossiês contrários a estas tecnologias que muito ajudam a agricultura brasileira. Será que quem faz isto acredita que as pessoas que trabalham nestes segmentos vivem de fantasias?
Pois é colegas, novamente vivemos em contradições, aqueles que acreditam que podemos ter uma agricultura agroecológica, sem uso de qualquer químicos, vêem isso como o futuro e criam mitos tentando transformá-los em verdades e fatos. Ainda bem que a ciência comprova tudo em sua normalidade e derruba o mito.
Já havia dito em outros artigos: a educação muda tudo. Mudanças já: as ciências agrárias agradeceriam! Somente assim nossa preocupação poderá sucumbir e problemas, antes recorrentes, serão exterminados, pois fazendo isso, estaremos ajudando cada vez mais nossos maiores bens: a agricultura e o nosso agricultor.

José Annes Marinho, Engenheiro Agrônomo, Gerente de Educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal – Andef