Apesar da crise financeira internacional, 2009 não foi tão ruim para a avicultura brasileira, produzindo em 2008 10,966 milhões de toneladas – frango de corte – e fechando 2009 estabilizada, com 10,962 milhões/toneladas, redução de apenas 0,03%. Quanto à exportação, o Brasil lidera o ranking mundial, repetindo, também, no ano passado o volume exportado em 2008 de, aproximadamente, 3,6 milhões de toneladas. As principais dificuldades enfrentadas pelo setor em 2009 foram relacionadas a crédito, tanto para a exportação como ao mercado interno. Houve dificuldades para capital de giro das empresas, se concentrando na rede bancária, que não disponibilizou o dinheiro ofertado pelo governo, com um número grande de exigências com relação a garantias, dificultando a captação desses recursos. Na exportação, o faturamento teve queda em 2009, em razão da valorização do real, afetando o setor, porque o Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, com mais de 150 países clientes. Em 2008, isso gerou uma receita de US$ 7 bilhões, já 2009, o valor caiu para cerca de US$ 6 bilhões e a crise internacional provocou, também, queda no preço do frango no mercado externo, os países ficaram com menos dinheiro para financiar ou para pagar as suas importações. O consumo brasileiro de carne de frango se mantém, entretanto, em níveis elevados há anos, crescendo à média de 2% a 3% a/a, um aumento quase vegetativo.
Atualmente, o consumo per capita é de 39 quilos anuais, consumo considerado alto. Em alguns países do Oriente Médio, entretanto, esse consumo chega a 60 ou 62 quilos, mas é preciso levar em conta que os países árabes não consomem carne suína e que o preço da carne bovina no mercado internacional é alto. O brasileiro consome cerca de 40 quilos de carne bovina por ano e 13 quilos de carne suína, embora a renda familiar tenha aumentado no Brasil, isso acaba se refletindo no aumento de outros produtos industrializados e processados, não sendo direcionado para o consumo da carne de frango.
O cenário da avicultura brasileira em 2010 dependera do comportamento do mercado externo, onde são direcionados 30% da produção, dependendo, também, de como serão as exportações brasileiras de carne bovina, porque acaba refletindo na produção de carne de frango, a expectativa, porém, é de crescimento da economia, pois é um ano de eleição, no qual terá mais dinheiro, com isso aumentara o consumo de carne no mercado interno. O setor vinha crescendo no passado a um ritmo de 10% ao ano em função do aumento das exportações, devendo rever o planejamento para crescer, agora, em base mais real, mas continuara crescendo e gerando mais empregos do que gerou em 2009, a avicultura nacional é responsável por mais de 5 milhões de empregos diretos e indiretos, destacando duas características do setor – a mão de obra é especializada, com a grande maioria de empregos gerados em cidades do interior, especialmente na parte de abate, no qual não existe outro tipo de indústria, e está baseada em pequenas propriedades na criação das aves. Entraves são muitos e terão que ser solucionados em 2010: para garantir sustentabilidade à avicultura e necessário rever a tributação perversa de alimentos, não precisando pagar tanto imposto sobre, no caso específico do frango, que é uma proteína de qualidade e fundamental a saúde das pessoas e o setor deve trabalhar junto ao governo, desonerando da carne de frango o PIS/Cofins, cuja carga é de 9,75%.Outro entrave e a questão cambial, o dólar a R$ 1,70 ou R$ 1,80 tira a competitividade do país na exportação, Empresas mais focadas na exportação estão trabalhando no vermelho e se essa questão não for resolvida ficara inviável. A receita com as exportações brasileiras de frango caiu 16,3% em 2009, para US$ 5,8 bilhões, no período, embarcando cerca de 3,63 milhões de toneladas, volume menor (-0,3%) do que 2008 desempenho prejudicado pela crise econômica mundial, pela redução de preços e de encomendas de clientes importantes como Rússia, Japão e Venezuela. O câmbio vem diminuindo drasticamente a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional e comprimindo sensivelmente a rentabilidade das empresas do setor. Há pessimismo em relação ao desempenho das exportações em 2010, estima-se que a receita pode crescer até 10% e os volumes embarcados, 3% a 5%, se o real desvalorizar, mas será um ano sem crescimento caso o câmbio se mantenha no patamar atual.
Apesar da crise, o Brasil conseguiu aumentar exportações para os países do Oriente Médio e da África. Em 2009, o Oriente Médio foi o principal mercado consumidor da carne de frango brasileira. A região embarcou 1,4 milhão/toneladas, crescimento de 22,7% na comparação com 2008. A receita, no entanto, cresceu apenas 0,5%, para US$ 1,9 bilhão. Os embarques para a África cresceram 22%, para 422 mil toneladas, com crescimento de receita da ordem de 13%, para US$ 439 milhões. Em compensação, o Brasil viu cair os volumes e a receita das exportações para os países da Ásia, União Européia e Américas. O continente asiático, segundo maior mercado para a carne brasileira embarcou 947 mil toneladas, queda de 7,6% em relação a 2008. Já a receita cambial caiu 26%, para US$ 1,5 bilhão. A União Européia, terceira no ranking, comprou aproximadamente 495 mil toneladas, 5,8% menos que 2008, com isso, a receita foi de apenas US$ 1,2 bilhão, o que representa uma retração de 15% sobre o mesmo período do ano anterior. O pior desempenho ficou por conta do bloco americano, reduzindo de 34,3% os embarques para 262 mil/toneladas e 33,8% na receita cambial para US$ 437 milhões.
O setor exportador de carne de frango foi impactado principalmente pela retração da economia mundial – devido à crise financeira internacional –, com a redução de preços e de encomendas de clientes importantes como Rússia, Japão e Venezuela. Abaixo um resumo de desempenho por segmentos e mercados em 2009:
Cortes de frango – Os embarques totalizaram 1,9 milhão de toneladas, em uma queda de 3,3% em relação a 2008. E a receita cambial foi de US$ 2,9 bilhões, com um decréscimo de 20%.
Frango inteiro – Em 2009 as exportações foram de 1,4 milhão de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 4,67%, especialmente em função de um aumento de vendas para o Oriente Médio. A receita cambial, de US$ 1,9 bilhão, foi 12,67% menor que a verificada no ano anterior.
Outros segmentos – Nos industrializados os embarques foram de 172 milhões de toneladas em 2009, com receita cambial de US$ 489 milhões. Este resultado representa um aumento de 2% nos volumes, o que é importante por se tratar de um produto de alto valor agregado. Nas carnes salgadas os embarques somaram 196 milhões de toneladas e a receita totalizou US$ 506 milhões.
União Europeia – Entre janeiro e dezembro foram embarcadas 495 mil toneladas, uma queda de 5,8% em relação a igual período de 2008. A receita somou US$ 1,2 bilhão, o que representou uma retração de 15% sobre o mesmo período do ano anterior.
Américas – Foram exportadas para a região, entre janeiro e dezembro, 262 mil toneladas, uma queda de 34,3%. Na receita cambial, de US$ 437 milhões, houve retração de 33,8%.
África – As exportações chegaram a 422 mil toneladas, uma alta de 22,2% em relação ao ano anterior. A receita cambial somou US$ 439 milhões, o que representou um aumento de 13%.
Ásia – O continente recebeu embarques de 947 milhões de toneladas, uma queda de 7,6% em relação ao ano de 2008. Houve uma redução 26% na receita cambial, que em 2009 foi de US$ 1,5 bilhão.
Por Valter Bampi, médico veterinário e diretor Agropecuário do Grupo Big Frango