Avicultura e silvicultura andam juntas no conceito de sustentabilidade, já que agroindústrias incentivam produtores a plantar eucaliptos em suas propriedades para o consumo próprio de madeira do ciclo produtivo abaixo:
• Nas construções: embora a tendência seja fazer construções de concreto, em algumas regiões usa-se madeira para se construir aviário e instalações como casas e galpões auxiliares. Nos aviários, normalmente, usa-se madeira somente na parte superior da construção.
• Na cama dos frangos e matrizes: uso de maravalha, cepilho de madeira, pó de serra nas camas e em ninhos de postura.
• Nas secagens de milho e soja: agroindústrias têm um sistema de recebimento de grãos e para isso usam lenha as caldeiras e a secagem destes grãos. Em fábricas de rações se usa lenha as caldeiras de desativadoras de soja/peletizadoras de ração.
• No aquecimento dos lotes: lenha atualmente tem o melhor custo-benefício para os produtores no aquecimento de suas granjas no recebimento dos pintainhos, elevando a temperatura a níveis desejados. Usa-se também em centrais de aquecimento automatizadas para tornar o ambiente propício à necessidade de calor as aves.
• Nas caldeiras frigoríficas e subprodutos: para o aquecimento de água e formação de vapor nos abatedouros e fábricas de subprodutos de origem avícola. Também usam-se alternativas como o bagaço de cana, que tem bom resultado calorífico e baixo custo.
Aproximadamente 1.000 aves alojadas consomem em média 4,03 m³/madeira no segmento e usando esse consumo, temos os seguintes dados:
• O Brasil produz mais de 500.000.000 de aves/mês;
• O Brasil consome por mês na avicultura dentro de todo o segmento produtivo em média mais de 2.015.000 m³ de madeira;
• Consumo anual de mais de 24.180.000 m³ de madeira;
• Cada alqueire de terra produz em média 850 m³ de lenha de eucaliptos;
• Precisamos plantar e cortar mais de 28.447 alqueires de área de eucaliptos/ano;
• Eucalipto necessita de 5 a 7 anos para corte dependendo da variedade;
• Então temos que ter, aproximadamente 200.000 alqueires de eucaliptos plantados no Brasil para atender a demanda da avicultura.
São várias as razões e vantagens que o eucalipto tem para ser a madeira mais consumida na avicultura:
• Não é uma árvore nativa;
• Tem crescimento rápido;
• Tem bom poder calorífico;
• Adapta-se bem em diversos solos;
• Produz bom volume de madeira por alqueire;
• De fácil manuseio;
• Bom para queima;
• De secagem rápida;
• Tem tecnologia de produção de mudas.
Resumindo, o quadro extraído do Livro do Colega e amigo Cerato, mostra a importância da madeira na avicultura.
LOCAIS DE CONSUMO |
QTDE EM M³ POR AVE |
Na Construção |
0, 00002 |
Na Cama dos aviários |
0, 0016 |
Na secagem de milho e soja |
0, 00015 |
No aquecimento dos lotes |
0, 00033 |
Nas caldeiras dos frigoríficos |
0, 00108 |
Nos subprodutos |
0, 00085 |
Total por ave abatida em m³ |
0, 00403 |
Preservar o meio ambiente mostra que as propriedades mais produtivas e rentáveis são aquelas em que o produtor foca isso. Aí a importância em se estimular o desenvolvimento dessas diversificações: avicultura, plantação de eucalipto e outras atividades agropecuárias. Estimulo ao desenvolvimento sustentável da avicultura com algumas propriedades avícolas possuindo áreas improdutivas significativas, o reflorestamento pode fazer com que o produtor diversifique e produza madeira para subsistência e aumento da sua receita, plantando árvores, com manejo adequado, utilização múltipla da floresta, consumo como lenha, produzindo outros produtos mais nobres e gerando lucro a propriedade. Diversificação estimula esses avicultores integrados a utilizar madeira de reflorestamento como matriz energética em aviários, ampliando a rentabilidade dos criadores de frango em média de 10%, utilizando pouca área.
Outro benefício é atingir requisitos a habilitação de exportação a diversos mercados que consideram barreiras ambientais como diferenciais na compra de nossos produtos. São passos para alcançarmos uma gestão integrada à economia e ambiental da propriedade avícola. No Paraná, em 2000, havia, quase seis mil aviários cadastrados no Estado, hoje são mais de 12 mil, representando mais de 50% em uma década, impulsionado pelo sucesso da avicultura.
Valter Bampi, médico veterinário, professor universitário e especialista avícola.