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Comentário Avícola

Avicultura Sustentável! - Por Valter Bampi

Avicultura Sustentável é um modelo econômico, político, social, cultural e ambiental equilibrado, satisfazendo necessidades das gerações atuais, sem comprometer as gerações futuras. Este conceito começa a se difundir com o estilo de desenvolvimento adotado.

Diretor Agropecuário da Big Frango
Diretor Agropecuário da Big Frango

Avicultura Sustentável é um modelo econômico, político, social, cultural e ambiental equilibrado, satisfazendo necessidades das gerações atuais, sem comprometer as gerações futuras. Este conceito começa a se difundir com o estilo de desenvolvimento adotado, quando se constata que este é ecologicamente predatório na utilização dos recursos naturais, socialmente perverso com geração de pobreza e extrema desigualdade social, politicamente injusto com concentração e abuso de poder, culturalmente alienado em relação aos seus próprios valores e eticamente censurável no respeito aos direitos humanos e aos das demais espécies. Sustentabilidade comporta sete aspectos principais e avicultura participa em todos, a saber:
• Sustentabilidade Social – melhor qualidade de vida da população, equidade na distribuição de renda e diminuição das diferenças sociais, com participação e organização popular, evitando o êxodo rural;
• Econômica – públicos e privados, regularização do fluxo desses investimentos, compatibilidade entre padrões de produção e consumo, equilíbrio de balanço de pagamento, acesso à ciência e tecnologia;
• Ecológica – o uso de recursos naturais, minimizando danos aos sistemas de sustentação da vida: redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para uma adequada proteção ambiental;
• Cultural – respeito a diferentes valores entre povos e incentivo a processos de mudança que acolham as especificidades locais;
• Espacial – equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migrações, desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligentes e não agressivas à saúde e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização descentralizada;
• Política – no caso do Brasil, a evolução da democracia representativa para sistemas descentralizados e participativos, construção de espaços públicos comunitários, maior autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de recursos;
• Ambiental – conservação geográfica, equilíbrio de ecossistemas, erradicação da pobreza e exclusão, respeito aos direitos humanos, integração social, abraçando dimensões anteriores em processos complexos.
O marco para o desenvolvimento sustentável mundial foi a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro em 1992 (Rio 92), onde se aprovaram uma série de documentos importantes, dentre os quais a Agenda 21, um plano de ação mundial para orientar a transformação desenvolvimentista, identificando, em 40 capítulos, 115 áreas de ação prioritária. Dentre alguns dos focos discriminados na Agenda 21, destacamos:
• cooperação internacional;
• combate à pobreza;
• mudança dos padrões de consumo;
• habitação adequada;

• integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões;
• proteção da atmosfera;
• abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recursos terrestres;
• combate ao desflorestamento ;
• manejo de ecossistemas frágeis: a luta contra a desertificação e a seca;
• promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável;
• conservação da diversidade biológica;
• manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas com os esgotos;
• fortalecimento do papel das organizações não-governamentais: parceiros para um desenvolvimento sustentável;
• iniciativas das autoridades locais em apoio à agenda 21;
• a comunidade científica e tecnológica;
• fortalecimento do papel dos agricultores;
• transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e fortalecimento institucional;
• a ciência para o desenvolvimento sustentável;
• promoção do ensino, da conscientização e do treinamento.
Produção de aves com outras atividades do agronegócio como madeira/eucalipto, vêm se desenvolvendo com sucesso, fomentando o avanço sustentável da atividade e abrindo espaço na diversificação das propriedades. A prática é uma aliada das agroindústrias e produtores integrados para driblar momentos pontuais de instabilidade, mantendo posição de destaque na economia e dentro do próprio segmento avícola. O exemplo da madeira é amplamente utilizado em todas as etapas da avicultura industrial e integrados avícolas têm apostado na diversificação, investindo em outras atividades e as Integradoras incentivam a produção de frango, eucalipto, olericultura e outras ligadas ao setor agropecuário, minimizando  desmatamento de florestas nativas, utilizando a madeira de eucaliptos em diversas áreas do segmento avícola, já que o consumo  está presente em todas as etapas – construção de aviários, aquecimento de lotes, secagem de grãos, caldeiras frigoríficas e processamento de subprodutos.  Eucalipto é o escolhido por ser uma espécie ecologicamente correta e economicamente rentável, adequada para energia e produz camas aviárias de qualidade, a cada mil aves criadas há um consumo de quatro metros cúbicos de madeira de eucalipto. O Brasil produz mais de cinco bilhões de cabeças de frango de corte/ano, correspondendo a um consumo de mais de 20 milhões de metros cúbicos de madeira. No Paraná, maior produtor de frango do País tem um consumo de quase 40 mil alqueires de área de terras com reflorestamento dessa espécie.

Valter Bampi, médico veterinário, professor universitário e especialista avícola.