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Comentário Avícola

Consumo interno de carne de frango ainda crescerá. Estamos preparados? - Por Valter Bampi

Estatísticas indicam o crescimento do consumo e da produção de carne de frango para os próximos 10 anos, porém, nosso colunista faz um alerta para a falta de profissionais qualificados. Por Valter Bampi.

A estimativa de consumo interno de 7,577 milhões de carne de frango em 2009 fez com que a Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura projetasse no presente exercício, um consumo entre 7,37 e 8,44 milhões de toneladas – média de 7,9 milhões de toneladas e incremento de 4,2% ao ano anterior. Mas esse também pode ser o maior índice de crescimento registrado no consumo de carne de frango nos próximos 10 anos, pois a tendência é de redução gradativa dos índices anuais de expansão. Ainda que a média de incremento venha a girar em torno dos 3,3% ao ano, a variação prevista para 2020 (em relação ao ano anterior) é de apenas 2,7%,índice de expansão, 35% menor que aquele previsto para 2010. Para a AGE/MAPA, em 2020 os brasileiros estarão consumindo, em média, cerca de 10,9 milhões de toneladas de carne de frango, volume 37,5% superior à média prevista para este ano. Considerando as projeções de que, em 2010, o consumo brasileiro de carne de frango deve alcançar 7,9 milhões de toneladas, é possível calcular-se a possível evolução do consumo per capita nesse período. Difícil é estabelecer, ainda que aproximadamente, a real população brasileira – problema que será sanado com a realização do censo populacional no segundo semestre. Supondo-se que os brasileiros sejam, em 2010, 194 milhões, o consumo per capita de carne de frango girarará (aceitas as projeções de consumo global) em quase 41 kg, chegando aos 43,5 kg per capita. Indo além e supondo-se que nos próximos 10 anos a população brasileira evolua a uma taxa média anual de 1,1% (a tendência é a redução paulatina desse índice), em 2020, o consumo dos brasileiros pode variar de um mínimo de 44,865 kg a um máximo de 55,538 kg – média de 50,178 kg per capita. Enquanto a população cresce, no máximo, 11,6%, o consumo médio per capita crescera 23,2%.

O Brasil terá a produção de frangos aumentando 4% e as exportações 6% este ano, segundo previsão do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). O Brasil embarcará volume recorde superior a 3,3 milhões de toneladas de carne de frango, resultado, de acordo com a entidade norte-americana, se contrapõe à queda de 5% prevista para as exportações dos Estados Unidos, que deverão se situar em 2,9 milhões de toneladas. Ano passado, as vendas externas de carne de frango sofreram com a crise econômica e a falta de crédito e o USDA afirma que o fortalecimento do real (comparativamente à fraqueza do dólar) reduziu a competitividade do setor, o que, entretanto, não afetou as margens de ganho da atividade, favorecidas pelo menor preço do milho. O USDA desconsidera as exportações de patas de frango. Assim, aplicada a previsão de alta de 6% ao frango exportado pelo Brasil, chega-se, em 2010, a 3,850 milhões de toneladas. No curto prazo será difícil conseguir que o preço da carne de frango retorne aos excelentes níveis registrados em 2008, quando (apesar do violento retrocesso experimentado na segunda metade do ano) o produto in natura exportado pelo Brasil alcançou no ano valor médio recorde próximo de US$1.770/tonelada, com incremento de mais de 25% sobre o ano anterior. Os dados da SECEX/MDIC do primeiro trimestre de 2010 revelam que (1) os preços enfrentados no período crítico da crise econômica mundial ficaram para trás (2) os preços obtidos no primeiro trimestre de 2010 são similares aos registrados no mesmo período de 2008, dificuldades econômicas persistem, se devem ao câmbio, não aos preços internacionais.

Dados amimadores ao setor avícola, abrangendo toda cadeia, da genética ao mercado, mas um alerta deve ser lançado: precisamos cada vez mais profissionalizar nossa atividade. Tenho escrito alguns artigos nos quais reforço o conceito de criarmos lideres no setor e esse crescimento aumenta meu desejo nesse sentido, já que, somente conseguiremos a sustentabilidade em todo o processo, tendo profissionais qualificados, capacitados e parte deles com espírito de liderança para coordenar pessoas na obtenção dessa alavancagem com bioseguridade e segurança aos negócios das empresas. Ainda sentimos carências de gerentes alinhados ao negocio das companhias, fazendo com que tanto as organizações como profissionais gastem energia desnecessária na consolidação dessa parceria tão salutar a todos. Acabo refletindo e, também, achando que nós não criamos esse clima, também, aos subordinados, colegas, nem temos força junto aos empresários para mostrar a importância desse conceito nos complexos avícolas brasileiros. Lanço então uma indagação aos leitores desta coluna: quais suas sugestões para solução desse problema?

Por Valter Bampi, médico veterinário e executivo avícola