Dirigentes de empresas trabalham muito, dormem pouco e equilíbrio entre a vida pessoal e trabalho não é o que vem tirando seu sono, no topo da lista de suas preocupações estão o futuro do Brasil no cenário de crise econômica mundial, existindo uma tensão generalizada, muitos deixam de dormir por causa da situação econômica do país. Estudos conduzidos por consultorias mostram que esse tema é uma de suas maiores apreensões nos últimos dois meses, depois vem o acirramento da competição interna e, logo depois, aparece à crise internacional. Questões conjunturais estão acima das pessoais e das relacionadas à gestão da própria organização. Nível de confiança caiu fortemente e esses estudos vem sendo repetido desde 2000 se observando uma inversão na ordem das preocupações dos executivos, antes questões individuais apareciam em primeiro lugar- como descompasso entre vida profissional e pessoal, empregabilidade, seguido por temas vinculados à gestão e à cultura da empresa. Movimentos econômicos do país apareciam abaixo desses tópicos, quadro agora é outro, observando-se uma mudança de prioridades semelhante na época da eleição do Lula e a preocupação em relação ao futuro do país está voltada para o médio prazo. Celulose, por exemplo, vive um momento favorável com a alta do câmbio, mais de 90% da produção é direcionada a exportação, dirigentes desse setor imaginam como um colapso na Europa os afetaria, pois metade da celulose que vendemos para o exterior vai para lá. Outros temas angustiam como custo da mão de obra, empecilhos legais, dificultando compra de terras por empresas estrangeiras e infraestrutura/logística. Há pouca ênfase na criação de um ambiente para investimentos no país, gerando perda da competitividade, o país parece estar se conformando com um “subdesempenho satisfatório, Brasil se transformou num país caro, inibindo investidores com alta carga tributária, custo e qualificação do trabalho comprometem desempenho das companhias, competição é saudável, mas deve ser isonômica. Quanto à crise europeia ao setor de siderurgia pode até significar oportunidade, mas não dá para imaginar que somos uma ilha, comparando a crise em 2008, a sensação entre os comandantes pesquisados é de que é difícil acreditar que uma blindagem possa existir atualmente, alguns, porém, estão otimistas com a maneira como essa nova instabilidade econômica está se propagando.
Quando o Lehman Brothers quebrou, em dois dias o mercado parou hoje ha um esforço do governo para que a crise não respingue por aqui, com tantas preocupações no cenário macroeconômico, consultores dizem que existe uma tendência dos presidentes descuidarem do ambiente interno e o empenho na última década na construção de modelos de gestão mais profissionais pode sair da lista de prioridades da agenda desses dirigentes. Eles têm um raio de ação enorme e um poder de influência, por essa razão é preciso não descuidar disso, todas as organizações no país sofrem atualmente com problemas de sucessão/preparação de lideranças que continuarão a existir. A falta de mão de obra qualificada é outro assunto que está tirando o sono no âmbito organizacional e macroeconômico e a disputa por profissionais e a formação de pessoas têm sido problemas constantes. A competição hoje está muito mais relacionada a ter gente capacitada para conduzir o negócio do que a ter o melhor hardware ou software. No âmbito pessoal, a menor preocupação dos dirigentes com a própria empregabilidade é resultante do aquecimento do mercado executivo. Eles estão sendo bastante disputados por empresas, mas esse aparente relaxamento na construção das próprias competências e perigoso e com foco de curto prazo, o mesmo pode ser dito em relação à sobrecarga de trabalho, caindo da primeira posição em 2009 para a sexta neste ano e os pesquisados afirmam que devem trabalhar ainda mais daqui para frente em jornadas que podem chegar a 15 horas/dia, entretanto, parecem não assustar os comandantes, pois eles têm mais maturidade e menos culpa em relação a isso e o importante é fazer o que se gosta, mesmo significando trabalhar no limite.
O setor avícola, especificamente, vive um paradoxo: grandes grupos e cooperativas com apoio financeiro estatal e demais empresas vivendo desafios de falta de credito, custo alto de insumos agrícolas, onerando a ração, falta de mao de obra operacional e super oferta de carne. Então se você leitor sonha em ser um empreendedor, com todos os desafios acima, que importa é ser apaixonado por solucionar problemas, melhorando a vida das pessoas e estar disposto a trabalhar, arduamente, para fazer as coisas acontecerem. Na década de 50, Ray Croc, vendedor de 50 anos, já tinha tentado vender de tudo um pouco, mas o dinheiro faltava no fim do mês. Nessa época, ele vendia multimixers, máquinas que despejavam bebidas em vários copos ao mesmo tempo e a economia não estavam indo bem, as vendas caíam continuamente, até que um restaurante em San Bernadino, na Califórnia, encomendou oito multimixers, surpreendido, Ray decidiu visitar o restaurante e ver as operações com os seus próprios olhos, chegando lá, ele ficou espantado: era um restaurante simples, com um cardápio limitado, pessoas faziam os pedidos de dentro dos seus carros e recebiam a comida em alguns minutos, rapidez possível porque a produção das refeições era organizada como uma linha de montagem. O nome do restaurante era McDonald’s e administrado por dois irmãos. Ray viu uma boa oportunidade: por que não abrir outros restaurantes como esse? Discutiu a idéia com os irmãos McDonald, mas eles não estavam interessados em expandir, ai Ray, que não tinha experiência com o mercado de restaurantes, resolveu encarregar-se da expansão do McDonald’s e aos 52 anos, Ray começou a jornada, tornando o McDonald’s à maior rede de fast-food do mundial. Lição disso tudo: crises também podem ser benéficas na esfera do empreendorismo.
Valter Bampi, médico veterinário, professor universitário e especialista avícola.