Ao final do ano passado escrevi matéria analítica para os anuários das revistas “Avicultura Industrial” e “Suinocultura Industrial” abordando os fatos ocorridos na área da produção de insumos para ração animal em 2011, bem como as perspectivas de mercado para os mesmos e as proteínas, principalmente originárias de aves e suínos, para o ano de 2012.
Atrevi-me a fazer previsões partindo do pressuposto de que não teríamos sérios problemas climáticos. Com tal visão, afirmei que a tendência era de que tivéssemos expressiva safra de milho e com produção estável de soja – embora os estoques mundiais apertados – somada à industrialização interna de óleo destinado ao biodiesel, haveria estabilidade no preço do farelo originário da oleaginosa.
O primeiro erro em minha previsão decorreu da estiagem que prejudicou a produção de soja na Região Sul do Brasil, na Argentina e no Paraguai, criando um desequilíbrio na oferta mundial pela manutenção dos volumes correspondentes à demanda.
Diante disto, tivemos acentuado aumento no preço do farelo de soja, mesmo com maior oferta interna pela produção do óleo vegetal necessário para garantir a mistura obrigatória de 5% de biodiesel ao óleo diesel consumido no Brasil.
No caso do milho, a estiagem prejudicou a produtividade na primeira safra, de forma acentuada, criando o problema imediato de falta de abastecimento nas regiões atingidas e com forte presença de agroindústrias da área de proteínas animais.
Posteriormente, a expressiva segunda safra resultou na queda temporária dos preços.
A afirmativa dos consumidores era de que o preço do milho para as rações ficara compatível com garantia de resultados econômicos, mas que o do farelo de soja estava muito alto.
Agora a estiagem na região produtora dos Estados Unidos resulta em queda na produção de milho, que se confirmados os números atualmente divulgados, representará volume aproximado de dois terços de toda a safra brasileira, que é a maior da história.
Com isto, diminui significativamente a oferta do grão no mercado internacional, com reflexos nos preços praticados internamente no Brasil.
Isto demonstra que é muito difícil prever mercado. Se pegarmos opiniões de consultorias com total credibilidade, de um mês atrás, constataremos que ninguém previa, no caso do milho, a mudança abrupta havida nos preços, como decorrência da estiagem nos Estados Unidos.
Relativamente ao farelo de soja, qualquer análise há um ano não apresentava previsão do quadro de hoje.
Isto tudo leva à reflexão de que precisamos de programas sólidos garantidores de formação de estoques e com mecanismos para que, em determinados momentos, elos da cadeia produtiva não fiquem significativamente prejudicados, como está ocorrendo agora com a avicultura e a suinocultura.
Como coordenador do Fórum Nacional do Milho, recebi convite do Secretário de Política Agrícola Caio Rocha (Mapa) para participar, com pequeno grupo, de uma reunião, no dia 23 próximo, objetivando a discussão de políticas para o milho. Pretendo levar visão de cadeia produtiva, para o que estou buscando, das mais diversas áreas, opiniões e sugestões visando a embasar minha participação no evento.
Por Odacir Klein, advogado e profissional da área contábil. É sócio da Klein & Associados e coordenador do Fórum Nacional do Milho.
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