Na minha primeira participação como colaborador desta publicação, manifesto o profundo agradecimento pelo convite.
Sou um leitor diário dos informativos “Avicultura Industrial” e “Suinocultura Industrial”, bem como das revistas respectivas.
Aprendi, quando ajudei a criar a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) da qual fui o primeiro presidente-executivo, que é um equívoco pensar na defesa do produtor de mencionado grão sem preocupar-se com o destino das safras.
Na verdade, o milho transforma-se, no mundo todo, quase que totalmente em produtos para alimentação humana. Excetuados os Estados Unidos, onde considerável parcela é direcionada à produção de etanol, os demais países, cada um com suas características, produzem alimentos.
No caso brasileiro, tal destinação ocorre através da produção de proteínas animais, que chegam às nossas mesas sob forma de carnes, ovos, lácteos…
Se olharmos as estatísticas constataremos que o consumo interno de milho apresenta expressiva preponderância na avicultura e na suinocultura. Mais de 70% de nossa produção é destinada a esses setores. Desta forma, ninguém defenderá o produtor brasileiro de milho se não estiver atento às necessidades dos que produzem mencionadas proteínas animais.
Fora da presidência da Abramilho, onde minha tarefa era defesa do produtor, passei a buscar formas de atuação para defendê-lo não apenas querendo melhor preço, mas buscando menores custos de produção, aumento de produtividade e, principalmente, renda para a cadeia produtiva. Um dos elos fraquejando, o conjunto é penalizado.
Adquiri a visão de que há uma dependência entre eles e precisamos criar uma cultura de atuação no contexto da cadeia produtiva em que a ótica seja de parceria e não de mero insumo e consumo. Isto exige discussão, criação de mecanismos na iniciativa privada e defesa de políticas públicas consistentes.
Já vivemos períodos nos quais, ao mesmo tempo em que os recursos públicos eram destinados às exportações, determinadas regiões geográficas do Brasil ficavam com o abastecimento de milho prejudicado. Havia excedentes exportáveis e necessidade de transferir volumes de produção para o mercado externo. No entanto, ao mesmo tempo, as políticas governamentais não ensejavam o acesso ao grão em áreas geográficas com carência.
As formas de parceria na área privada precisam ser debatidas e as políticas públicas reexaminadas. Visando a concorrer para isto, a Klein & Associados, empresa de consultoria da qual sou sócio, organiza anualmente, na Expodireto/Cotrijal, em Não-Me-Toque/RS, um Fórum Nacional do Milho, em parceria com a Fecoagro/RS e Apromilho/RS.
Criamos um portal – www.forumdomilho.com.br – para mantermos um Fórum Interativo permanente, que enseja ampla discussão entre os segmentos interessados, para que o evento presencial não seja meramente transmissor de dados e informações, mas antecedido por ampla troca de pontos de vista visando a ensejar um forte debate e resultar em documento com reivindicações dos diversos segmentos vinculados à produção e consumo de milho.
Com as informações que estaremos recebendo poderemos cumprir a tarefa mensal de produzir matéria para esta importante publicação.
Mais uma vez, meus agradecimentos.
Odacir Klein é advogado e profissional da área contábil. É sócio da Klein & Associados e também do escritório Klein, Lázaro e Gonçalves Advogados – em Brasília (DF). Lecionou alfabetizando adultos penitenciários e no curso de contabilidade de sua cidade natal, bem como em nível de MBA na área do cooperativismo. Já publicou obras jurídicas que são adotadas na jurisprudência do STF. Tem vasta experiência no setor público, no qual já exerceu quatro mandatos de Deputado Federal (pelo RS), foi Secretário Estadual de Agricultura e Abastecimento (no RS), Diretor de Recursos Humanos do Banco do Brasil, Presidente do Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) e Ministro de Estado dos Transportes. Também integrou o Conselho da República, como representante da Câmara dos Deputados. Atualmente é Presidente-executivo da União Brasileira do Biodiesel.