Quando se trata de produtividade alta, alto desempenho, precisamos pensar mais no comportamento dos frangos durante toda a criação e principalmente nos dias quentes.
A maioria dos profissionais da avicultura, (me incluo no passado), pensam que fazer conforto térmico é dar velocidade de ar. Isso traz perda de desempenho. Vou tentar em poucos parágrafos explicar isso.
Pois bem, para iniciar este raciocínio precisamos ficar olhando o comportamento dos lotes de inicio a fim. A técnica é bem simples, ver o % de frangos que estão nos comedouros. Alta ventilação inicial também provoca perda de produtividade. Cada idade tem um limite de ventilação para que os animais estejam se alimentando bem. No meu ponto de vista, não precisa mais do que 2,5 mts por segundo no final dos lotes, mesmo que o frango esteja acima de três Kg e 14 por m².
O grande detalhe é conforto térmico, e isso se dá com: construção, isolamento, evitando entrada de ar falso e não somente com ventilação. No verão: “Precisamos não deixar o calor entrar nos galpões e não elevar custos para tirar o calor de dentro”. No inverno: Precisamos não deixar o calor sair e não gastar mais em aquecer.
A primeira coisa que devemos fazer numa construção é banir a forração de cortina ou qualquer outro tipo de forração. Formar bolsão de ar sobre a forração é mito, é jogar dinheiro fora.
O maior pecado das construções é qualidade de vedação, e aí orientam a colocar mais exaustores para suprir uma incompetência de vedação.
Existem algumas técnicas que ajudam e muito no conforto térmico:
• Telhado que irradia calor, não que absorve;
• Isolante térmico imediatamente sobre o telhado, fixado junto;
• Entrada de ar que funcione 100% e não parcialmente;
• Dimensionamento de entrada de ar com evaporação;
• Galpão livre de obstáculos de velocidade de ar;
• Nebulização interna partilhada e de baixa pressão;
• Vedação de cortinas acopladas ao isolante térmico.
Os custos de construção deste modelo não são tão diferentes do tradicional, pois se economiza em exaustores, forração, cortina interna e outros supérfluos. A grande diferença deste modelo é proporcionar mais conforto térmico às aves e com isso da uma economia de energia no verão e lenha no inverno, com isso o custo de produção é menor, pois são os dois itens de maior relevância para os produtores.
Fica nítido se observar a diferença de comportamento dos frangos entre os dois modelos. No modelo tradicional com velocidade de 3 m/s no final do lote e com temperatura de 28°C, os frangos ficam todos deitados. No modelo testado você mantem os mesmos 28°C com velocidade de 2,5 m/s e os comedouros estão cheios de frangos se alimentando. Isso faz uma conversão alimentar bem melhor, um peso médio levemente melhor e um índice de produtividade significativamente melhor, principalmente custo de produção, pois o grande custo é conversão alimentar.
Não adianta os profissionais saírem baixando a velocidade do ar nos aviários tradicionais principalmente no final dos lotes pensando que vão ganhar com isso. O que precisa ser feito é construção que proporcione mais conforto térmico e com isso podemos dar menos velocidade de ar.
A observação, a experiência, a vontade de produzir melhor, a indignação de ver os frangos sem se alimentar nas horas mais quentes e a coragem de inovar me fizeram a chegar a esta conclusão prática, real, na minha granja.
Precisamos inovar, para sermos competitivos e sobreviver.
Valmor Ceratto é técnico Agropecuário, Bacharel em Administração Rural, Pós Graduado em Avicultura, Pós-MBA em Gestão Estratégica de Agronegócios, Palestrante, atuante na Avicultura Industrial há três décadas e Avicultor.