O acirramento da campanha dos ambientalistas “furiosos” contra o setor rural brasileiro deixa margem para sérias dúvidas quanto à honestidade de propósitos. No entender desses novos “idealistas”, são os agricultores os responsáveis pelos problemas climáticos e até mesmo pela ocorrência dos tsunamis e de outros desastres que estão assustando os habitantes deste pobre planeta que, possivelmente há milênios, vem sendo destruído pelos seres humanos – indiscutivelmente os seus maiores predadores.
Já ouvi de alguns comentaristas que algumas forças estranhas e poderosas estão financiando a campanha enraivecida que se observa diariamente por todos os meios de comunicação contra os homens do campo. Justo no momento em que, como todos sabem, o Brasil assume posição de liderança quando o assunto é produção de alimento. Isso sem falar em nossa grande presença como o principal exportador mundial de grãos e carnes.
Os europeus, ao longo de séculos, foram desmatando sem limites, no afã de criarem os grandes pólos industriais que os tornaram ricos e poderosos, além de construírem belíssimas cidades que hoje atraem turistas de todas as partes do mundo, possibilitando que seus habitantes gozem das delícias de serem abastados. Na medida em que fomos crescendo e aparecendo, principalmente quando assumimos a responsabilidade de alimentá-los, eis que se assustam com o nosso crescimento e a nossa indiscutível presença em todos os cantos do planeta.
Ao invés de nos agradecerem pelo fato de garantirmos a eles alimentação, se tornam grandes “ambientalistas”, financiando as ONGs que assumem postura de guerreiros contra a produção rural brasileira, esquecendo-se que, em quarenta anos, a população brasileira mais que dobrou, passando dos ”noventa milhões em ação” para mais de cento e noventa milhões de habitantes, segundo o último Censo.
O que os “ambientalistas” pretendem colocar em suas mesas com esta estúpida e insensata campanha contra os produtores rurais? Querem ar puro? Será que nós brasileiros e os habitantes dos demais países que estão na dependência do que produzimos estaremos todos condenados a só respirar o ar mais puro e não ter o que comer?
Já faz tempo que a Embrapa constatou que o Brasil está produzindo mais e melhor, ocupando menos área. Temos ganho de produtividade reconhecido por todos os entendidos no assunto, e nada disso é levado em consideração nessa atitude, essa sim, destruidora e insensata.
Será que o bom senso nos abandonou de vez?
Joel Naegele é Vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Conselheiro da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Membro da Câmara Setorial de Agroegócio da Alerj e Diretor da Associação Comercial de Cantagalo.