A indústria de alimentação animal no Brasil deverá registrar em sua produção de 2009, aproximadamente, 55 milhões de toneladas. Um resultado que poderia ser maior caso não fosse impactado pela crise econômica mundial e em razão do desequilíbrio de oferta e demanda na avicultura, fazendo com que a produção total recuasse quase 4% no primeiro semestre. Este enxugamento, evidenciado no uso de premixes vitamínicos e minerais em toda a indústria, significou menor utilização de tecnologia para a fabricação de ração animal, tendo essa queda tecnologia compensada pelo aumento no consumo de grãos, pois a forte redução no preço do milho permitiu que os produtores comprassem mais, compensando parte dos nutrientes supridos pelos aditivos nutricionais.
A avicultura de corte, que demanda quase 50% da produção nacional de ração, consumirá por volta de 26 milhões de toneladas neste ano. Com a queda no preço do frango, houve até mesmo desalojamento nos primeiros e últimos meses do ano, o que causou recuo na demanda por ração. Sem recuperação no preço do frango, a avicultura de corte certamente continuará demandando menos tecnologia nutricional, desafiando nutricionistas e técnicos a não gerarem queda na produtividade.
Com crescimento de 1% no consumo em relação ao mesmo período de 2008, a avicultura de postura manteve-se estável e foi menos impactada pela crise, graças aos bons preços dos ovos no mercado no primeiro semestre. No total, deverão ser consumidos em torno 5 milhões de toneladas de ração por este segmento. Somente o alojamento de pintainhas de postura cresceu 14% no semestre anterior, o que mostra uma expansão na produção, que deve impactar positivamente no consumo de ração e, quem sabe, ultrapassar o número acima.
Bovinos
Com queda de 10 % no consumo de ração no primeiro semestre de 2009, a bovinocultura de corte também sofreu durante o ano, graças ao descompasso entre os preços da arroba do boi e do bezerro, produtores tardam por confinar e consumir rações, concentrados e suplementos, deixando o boi no pasto. O resultado foi uma retração no consumo para gado de corte, produzindo quase 1 milhão de toneladas de ração para gado de corte nos primeiros seis meses do ano. A produção de ração para a bovinocultura leiteira teve queda de, aproximadamente, 13 %, a mais acentuada em todos os setores, podendo totalizar, quase, 4 milhões de toneladas em 2009. Baixos preços do leite no mercado desestimularam a produção e também o uso de tecnologia, criadores de gado leiteiro têm sofrido há vários meses com preços muito baixos e importação de leite oriundo da Argentina e Uruguai.
Suínos
A suinocultura, também impactada pela crise mundial, reduziu o consumo de ração e de tecnologia, resultando numa produção 2,3% menor no primeiro semestre de 2009, o equivalente a 7,4 milhões de toneladas. Bons preços internacionais da carne suína no ano passado caíram por conta da queda na demanda mundial. A suinocultura brasileira exporta aproximadamente 20% da produção, porém, há uma tendência de recuperação, já que as quantidades embarcadas para o mercado internacional cresceram quase 9% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior.
Outros setores que registraram queda no período inicial do ano – também causada pelo impacto da crise mundial – foram os de ração para cães e gatos, com mais de 2%, eqüinos, com quase 5%, e outros animais chegando próximo a 10%. Com queda em quase todos os segmentos, o setor de nutrição animal espera registrar recuperação no segundo semestre de 2009, período em que historicamente há maior demanda e a avicultura continuará, por muito tempo, na liderança deste setor, em razão da rapidez de ajustes de produção, pelo seu ciclo menor que outras atividades pecuárias, pela abertura de novos mercados mundiais e o preço no mercado doméstico.
Por Valter Bampi, médico veterinário e executivo avícola