Questionado pelo crescimento célere e sustentável do setor avícola nos últimos anos, que acontece, concomitantemente, ao sucesso e qualidade dos alimentos à base de frango consumido no mundo, respondo, evidenciando algumas causas:
1) Escolha do melhor pacote genético, considerando resultados zootécnicos e aproveitamento industrial com foco no cliente;
2) Manejo adequado dos produtores com as aves, focando bem-estar para atingir e/ou superar padrões da linhagem escolhida;
3) Nutrição equilibrada, obtendo os melhores resultados zootécnicos e econômicos na relação custo x beneficio;
4) Prevenção quanto à saúde dos plantéis, evitando enfermidades que comprometam resultados econômicos desde a produção ate o mercado;
5) Gestão competente em toda a cadeia de produção, industrialização, comercial e administração, evidenciando e potencializando causas em efeitos desejáveis nas empresas/setor;
6) Aumento da confiança do mercado nacional e internacional em razão das ações rápidas acima e outras demandadas na área de produção, indústria, mercado e institucional relativas à carne de frango brasileiro.
A avicultura é a atividade pecuária mais desenvolvida no mundo e no Brasil não fica aquém, ostentando liderança em exportação, produção e qualidade. Técnicas e ações são implantadas para manutenção dessa liderança, excelência e sustentabildade produtiva, mesclando genética, manejo, nutrição, prevenção sanitária e gestão. Entre elas, destaco algumas:
a) adoção de programas de bioseguridade e/ou bioseguranca, incluindo vacinas de Newcastle, Coccidiose, Salmonelose e outras fundamentadas no risco de enfermidades acometerem planteis nas granjas, região e/ou estado, alem de outros controles de riscos em todo o processo;
b) proteção do sistema imunológico dos plantéis com Programa de Vacinação e monitoria sorológica dessa operação de uma forma preventiva;
c) linhas genéticas de conformação, atendendo as empresas desde a criação ao mercado;
d) uso de insumos de origem vegetal com tratamento térmico e/ou químico dos alimentos aos animais e inclusão de ingredientes não tradicionais na ração e novas tecnologias em nutrição; e) adequação de densidade com a padronização de aviários, equipamentos com foco no conforto das aves;
f) aumento do descanso sanitário entre ciclos de criação com redução de patógenos, aplicando técnicas de enleiramento e/ou compostagem de cama reutilizada e, quando da troca da cama, com lavação e desinfecção correta de instalações e equipamentos;
g) controle de qualidade e quantidade de água ingerida e estudo sistemático das granjas no quartil superior (25% melhores) para melhoria contínua das demais.
h) parceria das agroindústrias com produtores rurais na terminação das aves e na aquisição dos principais insumos agrícolas para transformação da proteína vegetal em animal com menor custo e de maior qualidade na pecuária, bem como parceria com os órgãos oficiais na defesa do produto Brasil no mundo como e o caso da discussão da republicação da Instrução Normativa 56.
Na escolha do melhor pacote genético, terá o melhor ganho de peso diário, a menor conversão alimentar, saúde das aves, uniformidade, produção de ovos, eclosão, viabilidade, qualidade de matéria-prima à indústria em relação ao melhor rendimento, entre outros indicadores. Produtores são orientados para utilizar técnicas apropriadas ao conforto dos animais, na melhor nutrição, considerando qualidade e quantidade, prevenindo fatores predisponentes à saúde dos plantéis.
Liderança requer um corpo gerencial e técnico qualificado, sendo capacitado, constantemente, no trato com as pessoas envolvidas e ao atendimento de metas traçadas numa área cada vez mais competitiva e sempre com novos desafios. A produção mundial esta em torno de 220 milhões/toneladas de carnes, suínos respondem por, mais de 42%, e o frango, superando o bovino ano a ano, se aproxima dos 70 milhões de toneladas. Brasil e EUA exportam mais de 70% com o nosso país superando 41%. As perspectivas de mercado com a disputa dos chineses e americanos beneficiara as exportações brasileiras de carne de frango, com o produto brasileiro ficando mais competitivo que o americano e as exportações a China ganhando ritmo.
A China abriu investigação sobre as importações de carne de frango dos Estados Unidos, depois de o governo Barack Obama ter imposto pesadas tarifas sobre as importações de pneus chineses. Sentimento dos exportadores brasileiros é que a China tem autonomia e independência para retaliar os Estados Unidos e o otimismo das empresas exportadoras brasileiras é justificado, pois a China é o segundo maior consumidor mundial de carne de frango, com 12,3 milhões de toneladas – demanda quatro vezes maior que toda a exportação brasileira. Empresas brasileiras ganharão com essa disputa, porque já embarcamos carne de frango à China e a possibilidade que se abriria com essa disputa comercial deve ser tratada com cautela pelos líderes do setor, porque, além de grandes consumidores, os chineses são grandes produtores de frango, ocupando o segundo lugar com 12 milhões de toneladas ano. Por esse motivo o avanço deve ser com sustentabilidade, também.
Por Valter Bampi, médico veterinário e executivo avícola.