Há muitos séculos o homem conhece o potencial fertilizante dos dejetos de animais e os utilizam como abudo na produção agrícola. Atualmente, pesquisas são desenvolvidas com o objetivo de promover o melhor aproveitamento dos nutrientes presentes nos dejetos pelas plantas e pelo solo.
Em contrapartida, os nutrientes presentes nos fertilizantes comerciais são, em sua maioria, solúveis em água e disponíveis às plantas enquanto aqueles presentes nos dejetos de animais estão na forma orgânica e, em grande parte, indisponíveis.
A melhor resposta para o aproveitamento dos nutrientes contidos nos dejetos, durante sua aplicação e incorporação no solo, é conseguida quando estes dejetos são submetidos a um tratamento prévio no qual objetiva-se a mineralização dos nutrientes tornando-os assimiláveis pelas plantas.
O teor de nutrientes presentes nos dejetos de aves depende de diversos fatores como a idade do animal, alimentação, tipo de instalação, manejo utilizado na criação, genética, clima e conteúdo da cama (quando existente). Por causa disso, a aplicação em áreas de agricultura do produto final do tratamento dos dejetos deve ser baseada no conteúdo individual de nutrientes a partir de uma analise laboratorial.
A aplicação geralmente é baseada nos teores de nitrogênio, fósforo e potássio e as necessidades de nutrientes secundários e micronutrientes são frequentemente supridas durante a recomendação de adubação conforme NPK.
Podemos dizer, com base em estudos anteriores, que durante a adubação com dejetos de aves sem tratamento prévio o nitrogênio terá disponibilidade entre 30 a 80%, conforme o método de adubação. Isso ocorre, pois a maior parte do nitrogênio presente está na forma de amônia, facilitando a perda do nitrogênio para a atmosfera e durante o período de permanência dos dejetos nas instalações.
Quanto à disponibilidade do fósforo e do potássio nos dejetos, pode-se considerar a mesma que os presentes nos fertilizantes comerciais, pois a maior parte desses nutrientes está na forma mineral ou inorgânica. Para a maioria dos tipos de dejetos de animais, 90% do fósforo e do potássio são considerados disponíveis durante o primeiro ano de aplicação no solo e 10% nos demais anos. Apenas 5 a 15% de fósforo ou potássio são perdidos dependendo do manejo dos dejetos.
Além de prover macro e micro-nutrientes às plantas, a adubação com os dejetos de aves fornece matéria orgânica agindo como condicionador do solo. Tal característica afeta positivamente as propriedades físicas e químicas do solo, incluindo melhor absorção de água e retenção de nutrientes, redução da erosão pelo vento e/ou chuvas, promovendo o crescimento de organismos benéficos e aumentando a troca catiônica entre solo e planta, o que significa melhor aproveitamento dos nutrientes presentes no fertilizante.
Por Karolina Von Zuben Augusto – doutoranda em Engenharia Agrícola na Unicamp e assessora técnica em projetos de tratamento de dejetos e de aves mortas em granjas de frangos de corte e de postura comercial.