Os modernos galpões avícolas brasileiros contemplam um tipo de ventilação muitas vezes denominada de “pressão negativa” ou tipo túnel. Utilizando-se exaustores para criar uma diferença de pressão entre o interior e o exterior do galpão é possível controlar melhor alguns aspectos do ambiente a que as aves estão submetidas, como a velocidade do ar.
Em um projeto de ventilação túnel os exaustores são a parte mais importante do sistema, sendo também um fator muitas vezes negligenciado no que diz respeito a um correto dimensionamento e escolha de modelos.
Existem diversos fatores a serem considerados na escolha do modelo:
– vazão de ar
– consumo de energia (eficiência energética)
– potência do motor
– material de fabricação
– comprovação da vazão
Todo exaustor fornece determinada vazão de ar quando submetido a um certa pressão estática, que é a pressão necessária para vencer a resistência causada ao ar por uma barreira ou obstáculo. O consumo de energia está diretamente relacionado a potência do motor e eficiência do ventilador; existem ferramentas para analisar a viabilidade de um exaustor de acordo com a energia que consome. É fato que equipamentos com cone são mais eficientes do que sem cone, o que torna os primeiros mais utilizados em avicultura. O material de fabricação vai ditar a resistência e durabilidade do equipamento. Para evitar fraudes em relação a vazão, o fabricante de um bom exaustor sempre deve fornecer o número do teste de vazão realizado por um laboratório conceituado e independente.
Dimensionamento
O cálculo para dimensionamento é muito simples. Tomemos como exemplo o seguinte galpão, com forro:
Largura: 14 metros. Altura: 2,6 metros.
Velocidade do ar desejada no interior do galpão: 2,5 m/s.
O cálculo é o seguinte:
Largura x altura x velocidade x 3600 (segundos)/hora
14 x 2,6 x 2,5 x 3600 = 327.600 m3/hora
Essa é a quantidade de ar necessária a cada hora para que tenhamos uma velocidade do ar de 2,5 m/s no interior do galpão.
Com esse dado em mão partimos para a quantidade de exaustores necessária. Abaixo temos um exemplo de alguma informações que precisamos sobre um exaustor:
O próximo passo é avaliarmos a pressão que iremos trabalhar. Existem algumas maneiras de se realizar essa avaliação. Um forma bastante simples e didática é a seguinte:
Pressão 0,0” PE: exaustor ao nível do mar sem obstáculos.
Pressão 0,05” PE: exaustor instalado em um galpão vazio.
Pressão 0,10” PE: exaustor instalado em um galpão com equipamentos e aves.
Pressão 0,15” PE: exaustor instalado em um galpão com equipamentos, aves e resfriador evaporativo de celulose.
Pressão 0,20”PE: exaustor instalado em um galpão com equipamentos, aves, resfriador evaporativo de celulose e filtros de luz nas saídas de ar.
O galpão do exemplo utiliza Easycool® nas entradas de ar, portanto, a uma pressão de 0,15” obtemos uma vazão de 34.660 m3/hora com um motor de 1 HP.
O restante do cálculo é o seguinte:
Vazão total/vazão do exaustor a determinada pressão
327.600/34660 = 9,45 = 10 exaustores.
Se arredondarmos o número para baixo teremos uma velocidade um pouco menor que 2,5 m/s e se o arredondamento for para cima a velocidade será um pouco acima desse valor.
O grande erro cometido no dimensionamento dos exaustores está na avaliação da pressão. Se fizermos o cálculo com uma pressão abaixo da ideal todo o sistema estará subdimensionado e não obteremos a velocidade do ar escolhida no início do projeto, o que irá prejudicar o desempenho dos lotes, trazendo prejuízo para o produtor. Vale ressaltar que os dados do exemplo são de um galpão simples com forro plano, podendo haver alguns detalhes a serem considerados, por exemplo, em um galpão sem forro.
Bruno da Silva Pimenta é medico veterinário e vendedor técnico da Munters Brasil