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Comentário Avícola

Ventilação tipo túnel - Por Bruno Pimenta

Novo colaborador do site, o médico veterinário da Munters, Bruno da Silva Pimenta, faz considerações sobre os exaustores neste tipo de ventilação em galpões avícolas.

Os modernos galpões avícolas brasileiros contemplam um tipo de ventilação muitas vezes denominada de “pressão negativa” ou tipo túnel. Utilizando-se exaustores para criar uma diferença de pressão entre o interior e o exterior do galpão é possível controlar melhor alguns aspectos do ambiente a que as aves estão submetidas, como a velocidade do ar.

Em um projeto de ventilação túnel os exaustores são a parte mais importante do sistema, sendo também um fator muitas vezes negligenciado no que diz respeito a um correto dimensionamento e escolha de modelos.

Existem diversos fatores a serem considerados na escolha do modelo:

– vazão de ar
– consumo de energia (eficiência energética)
– potência do motor
– material de fabricação
– comprovação da vazão

Todo exaustor fornece determinada vazão de ar quando submetido a um certa pressão estática, que é a pressão necessária para vencer a resistência causada ao ar por uma barreira ou obstáculo. O consumo de energia está diretamente relacionado a potência do motor e eficiência do ventilador; existem ferramentas para analisar a viabilidade de um exaustor de acordo com a energia que consome. É fato que equipamentos com cone são mais eficientes do que sem cone, o que torna os primeiros mais utilizados em avicultura. O material de fabricação vai ditar a resistência e durabilidade do equipamento. Para evitar fraudes em relação a vazão, o fabricante de um bom exaustor sempre deve fornecer o número do teste de vazão realizado por um laboratório conceituado e independente.

Dimensionamento 

O cálculo para dimensionamento é muito simples. Tomemos como exemplo o seguinte galpão, com forro: 

Largura: 14 metros. Altura: 2,6 metros.
Velocidade do ar desejada no interior do galpão: 2,5 m/s. 

O cálculo é o seguinte:

Largura x altura x velocidade x 3600 (segundos)/hora
14 x 2,6 x 2,5 x 3600 = 327.600 m3/hora
           
Essa é a quantidade de ar necessária a cada hora para que tenhamos uma velocidade do ar de 2,5 m/s no interior do galpão.

Com esse dado em mão partimos para a quantidade de exaustores necessária. Abaixo temos um exemplo de alguma informações que precisamos sobre um exaustor:

O próximo passo é avaliarmos a pressão que iremos trabalhar. Existem algumas maneiras de se realizar essa avaliação. Um forma bastante simples e didática é a seguinte:


Pressão 0,0” PE: exaustor ao nível do mar sem obstáculos.
Pressão 0,05” PE: exaustor instalado em um galpão vazio.
Pressão 0,10” PE: exaustor instalado em um galpão com equipamentos e aves.
Pressão 0,15” PE: exaustor instalado em um galpão com equipamentos, aves e resfriador evaporativo de celulose.
Pressão 0,20”PE: exaustor instalado em um galpão com equipamentos, aves, resfriador evaporativo de celulose e filtros de luz nas saídas de ar.


O galpão do exemplo utiliza Easycool® nas entradas de ar, portanto, a uma pressão de 0,15” obtemos uma vazão de 34.660 m3/hora com um motor de 1 HP.

O restante do cálculo é o seguinte:


Vazão total/vazão do exaustor a determinada pressão

327.600/34660 = 9,45 = 10 exaustores.

Se arredondarmos o número para baixo teremos uma velocidade um pouco menor que 2,5 m/s e se o arredondamento for para cima a velocidade será um pouco acima desse valor.

O grande erro cometido no dimensionamento dos exaustores está na avaliação da pressão. Se fizermos o cálculo com uma pressão abaixo da ideal todo o sistema estará subdimensionado e não obteremos a velocidade do ar escolhida no início do projeto, o que irá prejudicar o desempenho dos lotes, trazendo prejuízo para o produtor. Vale ressaltar que os dados do exemplo são de um galpão simples com forro plano, podendo haver alguns detalhes a serem considerados, por exemplo, em um galpão sem forro.

Bruno da Silva Pimenta é medico veterinário e vendedor técnico da Munters Brasil