Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Comentário Suíno

A conquista pela persistência - Por Wolmir de Souza

O reconhecimento do status sanitário de Santa Catarina, livre de aftosa sem vacinação, pelos Estados Unidos é resultado de grandes ações citadas pelo colaborador. Leia a coluna.

Não sou tão velho assim, mas também não sou tão guri. Embora superficialmente, gostaria de descrever aqui alguns passos que minha memória consegue resgatar que culminaram com o reconhecimento do status sanitário de Santa Catarina , livre de febre aftosa sem vacinação, pelos Estados Unidos.

Com certeza muitos já escreveram e talvez escreverão, de agora em diante ,sobre os passos, momentos e dificuldades que nos levaram a esta conquista sublime.

Nasci na década de 70 na região oeste de Santa Catarina, mais precisamente no distrito de Nova Teotônia, município de Seara – região de forte concentração de suínos e aves, berço de uma das principais agroindústrias do Brasil e porque não dizer do mundo, a Seara Alimentos, hoje pertencente ao grupo Marfrig. Terra que tenho gravado na lembrança a dificuldade da convivência, e mais tarde, o processo de erradicação da aftosa. Surge a figura de um dos primeiros veterinários do Estado com atuação na região – Agostinho Machado – que eu acredito que ainda esteja vivo, do contrário, tenho a certeza que seu nome e suas ações estão gravadas na historia de SC.

Jipe traçado e a determinação de combater, eliminar e prevenir qualquer foco desta enfermidade são marcas de Agostinho Machado. Sei que é apenas um exemplo regional, muitos destes aconteceram pelo Estado, onde as dificuldades de acesso às propriedades eram apenas um detalhe.

A rejeição ou restrição à vacina e ao combate a doença aliados à falta de esclarecimento fizeram deste objetivo uma verdadeira batalha, batalha mesmo, com vacinadores profissionais muitas vezes escoltados pela policia em caso de descumprimento da lei.

Muitos destes profissionais e agricultores talvez não tiveram o prazer de ver o fruto do seu trabalho reconhecido. Vacinações, barreiras sanitárias, divergências entre correr riscos e não vacinar ou ficar na zona de conforto negando a existência do vírus colocavam à prova o nosso trabalho.

Mudaram os governos, secretários de agricultura, mas não o foco, a  busca incansável e incessante pelo espaço no mercado mundial de carnes. A mais recente, a conquista pelo status sanitário, se contrapõe aos embargos de uma das maiores crises que o setor já viveu.

Hoje, quarenta anos após o inicio deste trabalho, apesar do bom momento vivido pela atividade suinícola, muito pouco ou quase nada é reflexo de todo este esforço e investimentos. Mas, começa aqui uma nova história da economia suinícola. Os primeiros reconhecimentos, as primeiras possibilidades de embarque, enfim, um futuro promissor. No entanto, ainda há um detalhe desapercebido: nosso principal mercado ainda é o mercado interno e que sempre é prioridade. A prova viva disso é o trabalho exercido em SC, onde o INCS tem tido um papel importante. O Instituto ajudou na implantação do Sisbi/Suasa – ação que dá oportunidades e mais que isso, qualifica os estabelecimentos e os produtos suínos para ocupar, em igual proporção e segurança, o espaço que os exportadores deixam no mercado interno.

Neste momento o INCS parabeniza os heróis destas conquistas, mas agradece pelo apoio democrático com que atende a todos os setores da economia.

Wolmir de Souza, presidente do Instituto Nacional da Carne Suína (INCS)