A indústria suinícola da América do Norte está vivenciando uma crise real. Bilhões já foram perdidos nos últimos 24 meses. Nós vimos outro dia que o total de perdas da indústria já superou em 100% o colapso dos preços que ocorreram em 1998-1999. E o que é pior, os preços futuros da carne suína indicam perdas de US$ 30,00 por cabeça nos próximos seis meses.
A epidemia causada pelo vírus H1N1 (chamada de gripe suína) continua a mostrar sua cara feia. Apesar dos investimentos do governo, as agências preveem grandes problemas neste outono e inverno. Certamente eles não sabem o que vai acontecer, mas não parecem muito preocupados em lidar de forma abrangente com o problema. Se temos um problema e estamos protegidos, tudo bem. Se não, oh bem, eles estavam errados.
No entanto, milhares de produtores estão cada um a olhar suas próprias circunstâncias. Não há nenhuma decisão tomada em conjunto. Todos possuem sua própria posição. É necessário coragem e capital para continuar. Alguns já decidiram por encerrar suas atividades, parando por falta de vontade, fé e em muitas circunstâncias, falta de dinheiro. Outros estão cavando mais, comprometidos com a nossa indústria, acreditando no seu futuro. É interessante ver que os produtores que acreditam no futuro da atividade estão investindo em negócios genéticos, atualizando sua tecnologia. O efeito líquido desses investimentos, apesar das circunstâncias, é o descarte de 69.000 matrizes, iniciados há duas semanas. A dura realidade econômica está pressionando os bancos, companhias de alimentos e os produtores, a ponto de muitos desistirem.
Outras observações:
– Temos fortes indicadores que algumas granjas suínas que fizeram pouco ou nenhum descarte de matrizes irão começar a fazê-lo agora. Entendemos que alguns produtores devem reduzir seu rebanho em até 15%, com rumores desenfreados que esta percentagem é incentivada por suas instituições financeiras. Isto faz sentido em qualquer contexto. Cortes significativos na produção de suínos reforçarão os preços. Isso agora é uma questão de sobrevivência. Muitos produtores precisam aumentar as linhas de operação e fazer empréstimos com as instituições de crédito certas, segundo suas instruções. A redução do rebanho reprodutor certamente será uma delas.
– Em algum ponto, o abastecimento de suínos pequenos vai cair significativamente. Houve uma grande redução das matrizes no Canadá, que produziu os suínos pequenos. Todos estes animais foram enviados para o EUA. Estes animais devem eliminar o descarte. Em breve, vamos ver que 20 mil animais a menos disponíveis por semana , levarão os terminadores a escolherem os suínos pequenos.
– O buraco que cavamos é enorme. Perdas podem chegar a US$ 1000,00 por ninhada de matrizes até o final de dezembro. As perdas de lucro vão demorar para serem recuperadas pelos produtores sobreviventes. O que é realmente triste para a história das pessoas reais. A devastação sofrida pelas pessoas e suas famílias é de quebrar o coração. As estatísticas não têm alma. É uma pena que a demanda por carne suína não pode sustentar um nível que evitasse tantas casualidades. Nós todos sabemos que muitas famílias foram esmagadas pelos efeitos do etanol de milho e a nomenclatura do H1N1. A parte triste é que todos os produtores querem liquidar animais para ajustar a oferta. Está acontecendo. O resultado final ainda é baixo. É muito ruim para a maioria viver, tem de haver morte. Esqueça Darwin, mas isto é real.
Algumas notícias positivas:
– Com importações mexicanas aumentando, os preços do suíno vivo nos EUA deverão ganhar impulso e sair dos US$ 0,60.
– A Coreia do Sul tornou mais fácil a importação de carne suína. Os preços estão acima de US$ 1,20 por libra.
– A oferta de grãos neste momento parece mais do que suficiente.
– O dólar fraco vai ajudar as exportações.
– O clima mais frio do verão no Centro-Oeste dos EUA já registrado na história contribuiu para aumentar o peso dos suínos, que cresceram mais rapidamente. O fator clima irá normalizar assim que entrarmos no outono. Você vai vendê-los apenas uma vez.
– O descarte dos reprodutores, aliado ao de matrizes, e a menor retenção de animais vão cortar a capacidade produtiva dos EUA e Canadá. Acreditamos que estamos caindo mais de 10 mil unidades por semana, atualmente.
– Esperamos que o rally de preços da Primavera – Verão em 2010 sejam dirigidos, nas próximas semanas, pelos fundos de hedge que estão observando os preços baixos do porco magro e a realidade do descarte de suínos.
Autor: Jim Long Presidente da Genesus Genetics
Tradução: Rafael Stuchi/Gessulli Agribusiness